Ensino de tradução: Perfis e abordagens pedagógicas de docentes brasileiros e canadenses
DOI:
https://doi.org/10.26512/belasinfieis.v9.n1.2020.24657Palavras-chave:
Ensino de Tradução. Pedagogia da Tradução. Professor de Tradução. Análise comparativa Brasil-Canadá. Pesquisa Exploratória.Resumo
Neste artigo, são apresentados os resultados da terceira etapa de uma pesquisa qualitativo-descritiva e de cunho exploratório sobre as abordagens pedagógicas adotadas por professores de prática de tradução em contexto canadense, em comparação com os dados coletados em contexto brasileiro. Em sua primeira etapa, iniciada em 2012, e utilizando questionários não estruturados, a pesquisa identificou o perfil acadêmico de 13 professores brasileiros de tradução e suas rotinas pedagógicas. Em 2017, como forma de dar continuidade à investigação, e levando em consideração que os professores modificam ou estabilizam suas práticas com o passar dos anos, a segunda etapa deste estudo adotou uma proposta de investigação qualitativo-longitudinal (FLORES, 2003), com o objetivo de identificar, junto ao mesmo grupo de professores brasileiros, as modificações que eles possam ter incorporado em suas salas de aula após cinco anos. Os participantes foram convidados a (re)avaliar os questionários respondidos em 2012 e a descrever as transformações sofridas em suas abordagens de ensino. Eles foram também convidados a analisar quais conteúdos consideram mais fáceis e mais difíceis de serem ensinados na sala de aula de prática de tradução (em geral). A terceira e última etapa deste estudo teve por objetivo identificar o perfil e descrever as abordagens pedagógicas adotadas por professores em contexto canadense e compará-las à quelas adotadas por professores brasileiros. Por meio dos resultados oriundos da aplicação de questionário, entrevista e de observações de aula, corroborou-se a hipótese de que a performance magistrale, que torna as soluções dos problemas tradutórios que surgem nos textos trabalhados em sala de aula dependentes da versão autorizada do professor, limitando a aprendizagem do aluno a uma instância de escutar e tomar notas, ainda prevalece em ambos os contextos.
Downloads
Referências
ARROJO, R. Tradução, desconstrução e psicanálise. Rio de Janeiro: Imago Ed., 1993.
ARROJO, R. The revision of the traditional gap between theory & practice and the empowerment of translation in postmodern times. The Translator, v. 4, n. 1, p. 25-48, 1998.
BIAZI, T. M.; GIMENEZ, T.; STUTZ, L. O papel da observação de aulas durante o Estágio Supervisionado de Inglês. SIGNUM, n. 14/1, p. 57-78, jun. 2011.
COLINA, S. Ensino de tradução: da pesquisa à sala de aula. Diretrizes para professores. Traduzido por: Marileide Dias Esqueda et al. Uberlândia: EDUFU, 2015.
CHARLOT, B. Da relação com o saber: elementos para uma teoria. Traduzido por: Bruno Magne. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.
CHARLOT, B. (org.). Os jovens e o saber: perspectivas mundiais. Porto Alegre: Artes Médicas, 2001.
CHARLOT, B. (org.). Relação com o saber, formação dos professores e globalização: questões para a educação hoje. Porto Alegre: Artmed, 2005.
COHEN, L. et al. Research Methods in Education. New York: Routledge, 2018.
CORMIER, M. En torno a una pedagogía centrada en el estudiante: el método “Aprendizaje a través de problemas” aplicado a la terminología. Onomazein v. 3, p.177-193, 1998.
DARIN, L. C. de M. Pesquisa em sala de aula: a prática na tradução na prática. Tradterm 4, n. 2, p. 97-128, 1997.
DARIN, L. C. de M. Exame crítico do ensino da tradução em nível universitário. Contexturas, n. 5, p. 59-78, 2001.
DELISLE, J. La traduction raisonnée: manuel d’initiation à la traduction professionnelle de l’anglais vers le français. Ottawa: Ottawa University Press, 2013.
ECHEVERRI, A. El alumno de traducción centro de la formación: conócete a tí mismo y... Belas Infiéis, 2015, v. 4, n.2, p. 9-35.
ECHEVERRI, A. El aprendizaje activo en la formación de traductores, declaración de principios. In: PEREIRA, G. H.; COSTA, P. R. (org.). Formação de tradutores: por uma pedagogia e didática da tradução no Brasil. Campinas, SP: Pontes Editores, 2018, p. 21-48.
ECHEVERRI, A. Énième plaidoyer pour l’innovation dans les cours pratiques de traduction. Préalables à l’innovation? TTR, Montréal, v. 21, n. 1, p. 65-98, 2008.
ESQUEDA, M. D. Ensino de Tradução: Culturas Pedagógicas. Trabalhos em Linguística Aplicada, Campinas, vol. 57, nº 2, p. 1244-1273, 2018. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/tla/article/view/8651880/18340. Acesso em: dez. 2019.
FIOLA, Marco. Prolégomènes à une didactique de la traduction professionnelle. META. Montréal, v. 48, n.3, p. 336-346, 2003a.
FIOLA, M. A. La notion de programme en didactique de la traduction professionnelle: le cas du Canada. 2003. 383 f. (Thèse de doctorat inédite) ”“ École Supérieure d’Interprètes et de Traducteurs, Université Paris III ”“ Sorbonne Nouvelle, Paris, 2003b.
FLORES, M. A. Investigar (com) os professores: reflexões sobre uma pesquisa longitudinal. Perspectiva, Florianópolis, v. 21, n. 2, p. 391-412, jan. 2003. DOI: https://doi.org/10.5007/%x. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/perspectiva/article/view/9756/8990. Acesso em: dez 2019.
FEIMAN-NEMSER, S. From preparation to practice: Designing a continuum to strengthen and sustain teaching. Teachers College Record, v.103, n. 6, p. 1013-1055, 2001.
FREITAS, R. A. M. da M. Ensino por problemas: uma abordagem para o desenvolvimento do aluno. Educação e Pesquisa, v. 38, n. 2, p. 403-418, 2012. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ep/2011nahead/aop478.pdf. Acesso em: dez 2019.
GAMBIER, Y. Teaching Translation and Training Translators. In: Gambier, Y.; DOORSLAER, L.V. (org.) Handbook of Translation Studies, 2012, v. 3, p. 163-171.
GIORGI, C. A. G. et al. Necessidades formativas de professores de redes municipais: contribuição para a formação de professores crítico/reflexivos. 1. ed. São Paulo: Cultura Acadêmica/Editora UNESP, 2010.
GILE, D. Basic concepts and models for interpreter and translator training. Amsterdam, Philadelphia: John Benjamins, 2009.
GONZÁLEZ-DAVIES, M. Multiple voices in the translation classroom. Amsterdam: John Benjamins, 2004.
HUBERMAN, M. O ciclo de vida profissional dos professores. In: NÓVOA, A. (org.). Vidas de professores. 2 ed. Porto: LDA, 1995. p. 31-59.
KELLY, D. A handbook for translator trainers: a guide to reflective practice. Manchester, UK: St. Jerome, 2005.
KELLY, D. Translation Didactics. In: GAMBIER, Y.; VAN DOORSLAER, L. (org.). Handbook of translation studies. Amsterdam/Philadelphia: John Benjamins Publishing, vol. 1, 2010.
KIRALY, D. From assumptions about knowing and learning to praxis in translator education. InTRAlínea, v. 16, p. 1-11, 2014.
KIRALY, D. A social constructivist approach to translator education: empowerment from theory to practice. Manchester: St. Jerome, 2000.
KIRALY, D. Pathways to translation: Pedagogy and process. Kent, Ohio: Kent State University Press, 1995.
LADMIRAL, J-R. Traduire: Théorèmes pour la traduction. Paris: Petite Bibliothèque Payot. 1979.
NODARI, J. I; ALMEIDA, M. R. Refletindo sobre a agência docente através da observação de aulas. Revista X, v. 2, p. 24-46, 2012.
NORD, C. Training functional translators. Cadernos de tradução, v. 1, n. 5, p. 27-46, 2000.
PIMENTA, S. G. Saberes Pedagógicos e atividade docente. 8. ed. São Paulo: Cortez Editora, 2016.
SELESKOVITCH, D.; LEDERER, M. La pédagogie raisonnée de l’interprétation. Coll. Traductologie 2. Paris, France: Dédier, 1989.
TARDIF, M. Saberes docentes e formação profissional. 3. ed. Petrópolis: Vozes, 2002.
VENUTI, L. (org.) Translation Teaching: programs, courses, pedagogies. New York, NY: Routledge, 2017.
VINAY, J.-P.; DARBELNET, J. Stylistique comparée du français et de l’anglais: méthode de traduction. Paris, France: Dédier, 1958.
VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. Traduzido por: José Cipolla Neto et al. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
WALFORD, G. Doing Qualitative Educational Research: A Personal Guide to the Research Process. London: Continuum, 2001.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Dado ao acesso público desta revista, os textos são de uso gratuito, com obrigatoriedade de reconhecimento da autoria original e da publicação inicial nesta revista
A revista permitirá o uso dos trabalhos publicados para fins não comerciais, incluindo direito de enviar o trabalho para bases de dados de acesso público. As contribuições publicadas são de total e exclusiva responsabilidade dos autores.
Os autores, ao submeterem trabalhos para serem avaliados pela revista Belas Infiéis, mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, sendo o trabalho licenciado sob a Creative Commons Attribution License Atribuição 4.0 Internacional (CC BY 4.0).