Notas Sobre os Instrumentos Científicos em Galileu

Autores

DOI:

https://doi.org/10.26512/rfmc.v7i2.25738

Palavras-chave:

realismo, instrumentalismo, ciência, teologia, política

Resumo

Na primeira parte deste artigo, procuramos caracterizar o conceito de instrumentalismo a partir dos problemas astronômicos, políticos e teológicos que levaram à contraposição desse programa epistemológico ”” que limita a ciência ao trabalho de “salvar as aparências” ”” à concepção de ciência que culminou com a Revolução científica dos séculos XVI e XVII. Na segunda parte, mostramos que há certa concepção do conhecimento matemático que se alinha com o instrumentalismo, mas que também há uma outra concepção, sustentada por Galileu, que considera a matemática como expressão de relações estruturais constitutivas da própria realidade física. Na terceira parte, defendemos que, contra a ideia de instrumento contida no programa instrumentalista, Galileu entende seus instrumentos científicos com teorias em estado concreto e operante. Para demonstrar isso, examinamos algumas posições de Galileu sobre o uso de alguns instrumentos científicos que ele próprio confeccionou, a saber: o compasso geométrico militar, a balança hidrostática e o telescópio.

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Biografia do Autor

Cristiano Novaes de Rezende, Universidade Federal de Goiás, UFG

Docente da Faculdade de Filosofia da Universidade Federal de Goiás (UFG), em Goiânia, onde foi concursado na área de Filosofia Moderna. Desta Faculdade foi Coordenador de Graduação, Coordenador de Bacharelado e Vice-Diretor, de 2012 a 2016. Atua também como colaborador na Pós-Graduação em Direitos Humanos da UFG. Graduado em Filosofia pela UNICAMP, fez seu Mestrado na USP, sobre as relações entre a teoria do conhecimento, a ontologia e a ética de Baruch Espinosa, a partir do conceito de emendatio intellectus (como bolsista FAPESP). Também na USP, desenvolveu seu Doutorado sobre as relações de oposição e continuidade entre a lógica aristotélica e a teoria espinosana da definição genética. Atualmente, elabora pesquisa sobre as matrizes tardo-escolásticas do amplo debate que cercou o moderno conceito de definição genética, investigando como as articulações aí presentes entre ontologia, matemática, lógica e medicina configuraram a noção seiscentista de "medicina da mente". Lecionou nas graduações em Filosofia e Psicologia da Universidade Mackenzie, em São Paulo; na Especialização em Psicopatologia e Saúde Pública da FSP-USP; e foi professor convidado da Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP, havendo lecionado na Graduação em Medicina e na pós-graduação em Saúde Coletiva. Atua em História da Filosofia Moderna, nas linhas temáticas de Metafísica, Teoria do Conhecimento e Ética.

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Publicado

17-11-2019

Como Citar

REZENDE, Cristiano Novaes de. Notas Sobre os Instrumentos Científicos em Galileu. Revista de Filosofia Moderna e Contemporânea, [S. l.], v. 7, n. 2, p. 17–41, 2019. DOI: 10.26512/rfmc.v7i2.25738. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/fmc/article/view/25738. Acesso em: 29 mar. 2024.