v. 13 n. 1 (2025): Filosofia Moderna e Contemporânea
Este número reúne cinco estudos que, tomados em conjunto, desenham um arco que vai da crítica lógico-linguística aos modos de aparecimento do político. A trajetória assume deliberadamente um percurso em “camadas”: parte de problemas de forma e referência na linguagem, atravessa a experiência e suas figurações fenomenológicas, reencontra a mediação hermenêutica da obra de arte e desemboca, por fim, no regime estético-político da partilha do sensível e nas aporias da democracia contemporânea. Ao fazê-lo, os textos aqui reunidos não apenas cotejam autores canônicos — Wittgenstein, Frege, Stein, Beauvoir, Heidegger, Gadamer e Rancière —, mas também exploram tensões estruturais entre simples/complexo, natureza/experiência, forma/tempo e dissenso/consenso. O resultado é uma constelação em que problemas técnicos e conceituais iluminam, reciprocamente, a espessura histórica e normativa da vida comum.
A ordenação proposta — lógica/linguagem → fenomenologia → hermenêutica→ estética/política → política — pretende tornar visível esse trânsito. Lemos assim o conjunto como um itinerário: dos reparos conceptuais que afinam a geringonça lógica, passamos ao ajuste fenomenológico das descrições, alcançamos a prova hermenêutica do tempo e, então, testamos na arena pública os limites e possibilidades de nossas formas — primeiro no regime estético da literatura, depois na gramática
democrática do dissenso.
Convidamos, portanto, a leitora e o leitor a percorrer este labirinto com a atenção de quem sabe que, a cada dobra da forma, também se desloca uma política do sensível. Se o número tem uma aposta comum, é esta: não há emancipação sem trabalho de forma — seja na linguagem, na experiência, na arte ou na democracia.