Alguns dilemas da comparação enquanto método das ciências sociais

em busca da compreensão ou da explicação?

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5281/zenodo.2648133

Palavras-chave:

Análise social, Etnografia, Método comparativo, Pesquisa comparada

Resumo

Este artigo resgata algumas das abordagens comparativas mais comuns nas ciências sociais e questiona sua relação com os principais dilemas metodológicos existentes na literatura atual. Partindo de obras clássicas na área de estudos comparados e da análise de estudos recentes publicados na América Latina, são apresentadas algumas das dicotomias inerentes à escolha do pesquisador ante as principais alternativas de comparação: semelhança vs. diferença; sincronia vs. diacronia; intrassistema vs. transistema. Para além de qualquer discussão voltada à identificação do modelo “mais adequado”, o objetivo do artigo é explicitar as dificuldades reais enfrentadas pelos pesquisadores na definição do design da pesquisa social e revelar algumas limitações do método comparativo para a construção de inferências causais. A discussão é concluída com o argumento de que a utilização de estratégias que considerem o chamado “momento não metódico” da pesquisa pode levar o pesquisador a uma abordagem mais profícua dos fenômenos sociais.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Paulo Alexandre Batista de Castro, Universidade de Brasilia

Doutorando em Ciência Política na Universidade de Brasília. Possui graduação em Ciência Política e mestrado em Estudos Comparados sobre as Américas pela mesma Universidade. Suas linhas de pesquisa atuais tratam dos limites da legitimidade do Supremo Tribunal Federal e das estratégias de gastos eleitorais dos candidatos a prefeito no Brasil. Tem experiência nas áreas de análise política, políticas públicas e estudos judiciais. Foi consultor de políticas públicas no Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e na Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. No Ministério da Justiça, atuou como Consultor de Políticas Públicas, Coordenador-Geral Consumo e Cidadania e Coordenador-Geral de Cooperação Técnica e Capacitação da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon). Desde 2015, integra o quadro de professores do Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP). Entre 2017 e 2018 foi Research Fellow na American University, Washington D.C.

Referências

ABERS, Rebecca; KECK, Margaret. Anexo metodológico. Practical authority: agency and institutional change in Brazilian water politics. New York: Oxford University Press, 2014.

AUYERO, Javier. Patients of the State: the politics of waiting in Argentina. Durham: Duke University Press, 2012.

BONOMA, Thomas V. Case research in marketing: opportunities, problems, and process. Journal of Marketing Research, vol. XXII, May 1985.

BOURDIEU, Pierre. Razões práticas: sobre a teoria da ação. São Paulo: Papirus, 2003.

BOURDIEU, Pierre; CHAMBOREDON, Jean-Claude; PASSERON, Jean-Claude. Ofício de sociólogo: metodologia da pesquisa na sociologia. Petrópolis: Vozes, 2004.

CANNAVÓ, L. Qualitá e quantitá: tra metodologia e sociologia della scienza. Sociologia e Ricerca Sociale X(28), p. 35-46, 1989.

DELLI ZOTTI, G. Quale quantitá e quanta qualitá nella ricerca sociale: tra integrazione e convergenza. In: CIPOLLA, C.; LILLO, A. de (Orgs.). Il sociologo e le sirene: la sfida dei metodi qualitativi. Milano: Franco Angeli,1996. p. 136-166.

DURKHEIM, Émile. As formas elementares de vida religiosa. São Paulo: Edições Paulinas, 1989.

FALLETTI, Tulia; LYNCH, Julia. Context and causal mechanisms in political analysis. Comparative Political Studies, 42(9), p. 1143-1166, 2010.

FOX, Jonathan A. Social accountability: what does the evidence really say?. World Development, v. 72, p. 346-361, 2015.

GADAMER, Hans-Georg. Verdade e método. V. 1. Petrópolis: Vozes, 2004.

HALL, Peter. Aligning ontology and methodology in comparative politics. In: MAHONEY, James; RUESCHEMEYER, Dietrich (Eds.). Comparative historical analysis in the social sciences. Cambridge: Cambridge University Press, 2003. p. 373-404.

KING, Gary; KEOHANE, Robert O.; VERBA, Sidney. Designing social inquiry. Princeton: Princeton University Press, 1994.

NEGRI, Camilo. O desenho de pesquisa comparativo em ciências sociais: reflexões sobre as escolhas empíricas. Brasília: Centro de Pesquisa e Pós-Graduação sobre as Américas/UnB, 2011. Série Ceppac.

OLIVEIRA, Roberto Cardoso de. O lugar (e em lugar) do método. O trabalho do antropólogo. 2. ed. Brasília: Paralelo 15; SP: Ed. Unesp, 2000.

OLIVEIRA, Roberto Cardoso de. O trabalho do antropólogo. São Paulo: Unesp, 1998.

PRZEWORSKI, Adam; TEUNE, Henry. The logic of comparative social inquiry. New York: John Wiley & Sons Inc., 1970.

RICOEUR, P. Du texte à l’action. Essais d’herméneutique II. Paris: Collection Esprit/Seuil, 1986.

RUESCHEMEYER, Dieter; MAHONEY, James. Comparative historical analysis in the social sciences. Cambridge: Cambridge University Press, 2003.

SARTORI, Giovanni. Where is political science going?. PS ”“ Political Science & Politics, v. 37, n. 4, p. 785-787, 2004.

TROCHIN, William. The research methods knowledge base. Cincinati: Atomic Dog, 2011.

Downloads

Publicado

2019-04-21

Como Citar

Castro, P. A. B. de. (2019). Alguns dilemas da comparação enquanto método das ciências sociais: em busca da compreensão ou da explicação?. Revista Do CEAM, 4(1), 133–143. https://doi.org/10.5281/zenodo.2648133