O SUPERPODER EXERCIDO PELO STF PODE SER CONSIDERADO UMA TIRANIA DO JUDICIÁRIO?

Autores

Palavras-chave:

STF, Ativismo Judicial, Tirania do judiciário, Shakespeare, Democracia deliberativa

Resumo

A transição do período democrático para o autoritário no Brasil foi consolidada com o advento da Constituição de 1988, que proporcionou o fortalecimento dos mecanismos de justiça constitucional. Desde então, a judicialização da política tem ensejado discussões acaloradas sobre temas como “ativismo judicial” e “limites ao exercício das competências da jurisdição constitucional. Na realidade, tudo exige a intervenção do STF, o que o torna um “superpoder” e vem suscitando questionamentos quanto à instalação de uma tirania do Judiciário, bem assim reações adversas do Parlamento. É nesse cenário que invocamos duas peças famosas de Shakespeare (Júlio César e Medida por Medida) para analisar, de uma forma mais lúdica, como a postura ativista do STF e a inércia do Parlamento na produção legislativa podem interferir na concretização da democracia deliberativa.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Ana Cristina Melo de Pontes Botelho, Universidade de Brasília, UnB, Brasil.

Doutora em Direito pela Universidade de Brasília (UnB), na área de concentração Direito, Estado e Constituição (Linha de Pesquisa: Constituição e Democracia). Mestre em Direito Constitucional pelo Instituto Brasiliense de Direito Público/IDP. Graduada em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco. Graduada em Engenharia Elétrica pela Universidade Estadual de Pernambuco. Auditora Federal de Controle Externo do Tribunal de Contas da União desde 1996. Assessora de Ministro do Tribunal de Contas da União.

Referências

ACKERMAN, B. Nós, o povo soberano: fundamentos do Direito Constitucional. Belo Horizonte: Del Rey Editora, 2006.

ACKERMAN, B. Transformação do Direito Constitucional. Belo Horizonte: Del Rey Editora, 2009.

BARROSO, L. R. Controle de constitucionalidade no direito brasileiro. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.

BARROSO, L. R. Judicialização, ativismo e legitimidade democrática. Revista Consultor Jurídico, [S. l.], dez. 2008. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2008-dez-22/judicializacao_ativismo_legitimidade_democratica. Acesso em: 30 ago. 2019.

BARROSO, L. R. 'Operação Abafa' tenta barrar avanços do STF, escreve Barroso. Folha de S. Paulo, São Paulo, 23 fev. 2018. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2018/02/em-artigo-ministro-do-supremo-rebate-criticas-feitas-ao-tribunal.shtml. Acesso em: 30 ago. 2019.

BARROZO, P. D. “The Great Alliance: History, Reason, and Will in Modern Law”. Law and Contemporary Problems 78, 235-270, 2015.

BENVINDO, J. Z. “Ativismo Judicial no Supremo Tribunal Federal: Um Debate sobre os Limites da Racionalidade”. In: Luiz Guerra (Org.). Temas Contemporâneos do Direito: Homenagem ao Bicentenário do Supremo Tribunal Federal. Brasília: Guerra Editora, 2011, v. 1, p. 560-582.

BENVINDO, J. Z. “On the limits of constitutional adjudication: desconstructing balancing and judicial activism”. New York: Springer, 2010.

BENVINDO, J. Z. STF, separação de poderes e cassação de mandatos. In: Constitucionalismo e Democracia. [S. l.], 11 dez. 2012. Disponível em: http://goo.gl/uYHO2. Acesso em: 30 ago. 2019.

BICKEL, A. M. The least dangerous branch: The Supreme Court at the Bar of Politics. New Haven, Connecticut: Yale University Press, 1962.

BORK, R. Coercing Virtue: The Worldwide Rule of Judges. Toronto: Vintage Canadá, 2002.

CARVALHO NETTO, M. “Controle de constitucionalidade e democracia”. In: A. G. M. Maués (Org.). Constituição e democracia. São Paulo: Max Limonad, 2001.

DAHL, R. A Preface to Democratic Theory. Chicago: Chicago University Press, 2006.

DAHL, R. “Tomada de decisões em uma democracia: a Suprema Corte como uma entidade formuladora de políticas nacionais”. Revista de Direito Administrativo 252, 25-43, 2009.

DWORKIN, R. A Raposa e o Porco Espinho: Justiça e Valor. São Paulo: Wmf Martins Fontes, 2014.

FEELEY, M. M.; RUBIN, E. L. Judicial Policy Making and the Modern State: How the Courts Reformed America's. Cambridge, U.K.: Cambridge University Press, 1998.

GARDBAUM, S. “Are Strong Constitutional Courts Always a Good Thing for New Democracies?” Columbia Journal of Transnational Law, 2015, p. 285-320.

GUTMANN, A.; THOMPSON, D. Why deliberative democracy? Princeton: Princeton University, 2004, p. 125-126

HABERMAS, J. Direito e Democracia: entre faticidade e validade. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2003.

HIRSCHL, R. Comparative Matters: the renaissance of Comparative Constitutional Law. Oxford: Oxford University Press, 2014.

HIRSCHL, R. “The new constitutionalism and the judicialization of pure politics in the world”. Fordham Law Review 75/2, 721-754, 2006.

HIRSCHL, R. Towards juristocracy: The origins and consequences of the new constitutionalism. Cambridge: Harvard University Press, 2004.

KRAMER, L. D. The People Themselves: Popular Constitutionalism and judicial review. New York: Oxford University Press, 2004.

LOCKE, J. Segundo Tratado sobre o Governo: ensaio relativo à verdadeira origem, extensão e objetivo do Governo Civil. São Paulo: Martin Claret, 2005.

MAUS, I. “Judiciário como Superego da Sociedade: O Papel da Atividade Jurisprudencial na ‘sociedade órfã’”. Novos Estudos 58 (São Paulo: CEBRAP), 183-202, 2000.

MENDES, C. H. Na prática, ministros do STF agridem a democracia, escreve professor da USP. Folha de S. Paulo, São Paulo, 28 jan. 2018. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2018/01/1953534-em-espiral-de-autodegradacao-stf-virou-poder-tensionador-diz-professor.shtml. Acesso em: 30 ago. 2019.

MENDES, G. F.; BRANCO, P. G. G. Curso de Direito Constitucional. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.

NEVES, J. R. C. Medida por Medida: O Direito em Shakespeare. 5. ed. Rio de Janeiro: Edições de Janeiro, 2016.

POSNER, E. A.; VERMEULE, A. Tyrannophobia. In: T. Ginsburg. Comparative Constitutional Design. Cambridge: Cambridge University Press, 2012, p. 317-349.

SHAPIRO, M. The success of judicial review. In: S. J. Kenney; W. M. Reisinger; J. C. Reitz (Ed.). Constitutional Dialogues in Comparative Perspective. New York: Palgrave Macmillan, 1999. p. 193-219.

TATE, C. N. Why the expansion of Judicial Power? In: C. N. Tate; T. Vallinder (Ed.). The Global expansion of Judicial Power. New York: New York University Press, 1995, p. 27-37.

TUSHNET, M. Weak Courts, Strong Rights: Judicial Review and Social Welfare Rights in Comparative Constitutional Law. Princeton: Princeton University Press, 2008.

VIEIRA, O. Supremocracia: vícios e virtudes republicanas. Valor Econômico, 6 nov. 2007, Opinião, p. A14. Disponível em: http://www2.senado.gov.br/bdsf/bitstream/id/83723/1/noticia.htm. Acesso em: 16 jun. 2016.

WALDRON, J. “The core of the case against judicial review”. Yale Law 115, 1346-1406, 2006.

Capa da Revista Direito.UnB Volume 4, Número 3 - Edição Especial - Aviação Civil e Direito Espacial: aspectos regulatórios nacionais e internacionais

Downloads

Publicado

2020-12-29

Como Citar

BOTELHO, Ana Cristina Melo de Pontes. O SUPERPODER EXERCIDO PELO STF PODE SER CONSIDERADO UMA TIRANIA DO JUDICIÁRIO?. Direito.UnB - Revista de Direito da Universidade de Brasília, [S. l.], v. 4, n. 3, p. 183–202, 2020. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/revistadedireitounb/article/view/26962. Acesso em: 26 abr. 2024.

Artigos Semelhantes

1 2 3 4 5 6 > >> 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.