Representações de masculinidades em contextos educacionais: uma revisão integrativa
DOI:
https://doi.org/10.26512/lc30202454320Palavras-chave:
Representações de Masculinidade, Relações de Gênero, EducaçãoResumo
O objetivo deste artigo é analisar como as representações de masculinidades aparecem nas pesquisas relacionadas ao contexto educacional brasileiro, na literatura publicada no formato de artigos científicos, entre 2018 e 2024. Para tanto, procedeu-se a uma revisão integrativa (Kramm, 2019), cujos dados foram examinados via análise de conteúdo (Bardin, 2015) e interseccionalidade (Collins, 2020). Três categorias emergiram: Diferença e valorização do padrão; Ausência e silenciamento; e Resistência e ressignificação. Elas foram discutidas à luz de perspectivas teóricas decoloniais (Castro-Goméz, 2007; Lugones, 2018; Mignolo, 2008). A análise indica que as representações de masculinidades estão majoritariamente alinhadas ao padrão cis-heterossexista, branco e elitizado. Constatou-se a ausência de discussões sobre gênero e sexualidade, principalmente nas escolas, dificultando a abordagem dessas temáticas. Apesar disso, o panorama educacional brasileiro, longe de ser neutro, também abriga masculinidades que desafiam normas, criando resistências e possibilidades de reverter quadros opressores.
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