O descumprimento do Habeas Corpus Coletivo 143.641/SP no Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul: uma análise sobre o argumento “traficância na residência” como fundamento comum para indeferimentos
Palavras-chave:
Mães encarceradas, Gestantes encarceradas, Encarceramento feminino, Habeas Corpus 143.641/SP, Traficância na residênciaResumo
O presente artigo busca realizar estudo acerca da aplicação do Habeas Corpus Coletivo nº 143.641 pelo Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul (TJRS). O referido Habeas Corpus é uma decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal que determina a substituição da prisão preventiva pela domiciliar de gestantes, lactantes e mães de crianças com até 12 anos ou de pessoas com deficiência. Todavia, após quatro anos desse julgamento, os juízes singulares mantêm a privação de liberdade dessas mulheres e o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul ratifica essas decisões. A partir do estudo proposto, realizou-se uma análise acerca da alegação de traficância na residência, utilizada como argumento comum para indeferir os acórdãos no Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul sobre a substituição do regime prisional. A pesquisa aponta para insistência dos magistrados em manterem as prisões preventivas por motivos tal como a traficância na residência e, assim, contribuindo para o encarceramento em massa e o rompimento do vínculo familiar dessas mulheres com seus filhos.
Referências
ANGARITA, Andreina Isabel. Drogas y criminalidad femenina en Ecuador. El amor en la experiencia de las mulas. Quito: FLACSO, 2007. Disponível em: https://repositorio.flacsoandes.edu.ec/bitstream/10469/1317/4/TFLACSO-2007AITA.pdf. Acesso em: 03 fev. 2023.
BORGES, Juliana. O que é encarceramento em massa? São Paulo: Letramento, 2017.
BRASIL. Conselho Nacional de Justiça. Cumprimento das ordens concedidas nos Habeas Corpus nº 143.641/SP e Habeas Corpus nº 165.704/DF e o estado de coisas inconstitucional. Conselho Nacional de Justiça; Coordenação: Luís Geraldo Sant’Ana Lanfredi - Brasília: CNJ, 2021. Disponível em: https://www.cnj.jus.br/wp-content/uploads/2021/06/Relato%CC%81rio-HCs-e-o-Estado-de-Coisas-Inconstitucional-DMF.pdf. Acesso em 01 nov. 2022.
BRASIL. Conselho Nacional de Justiça. Regras de Bangkok: regras das Nações Unidas para o tratamento de mulheres presas e medidas não privativas de liberdade para mulheres infratoras. Conselho Nacional de Justiça; Coordenação: Luís Geraldo Sant’Ana Lanfredi - Brasília: CNJ, 2016. Disponível em: https://www.cnj.jus.br/wp-content/uploads/2019/09/cd8bc11ffdcbc397c32eecdc40afbb74.pdf. Acesso em 02 out. 2022.
BRASIL. Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 24 ago. 2006. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l11942.htm. Acesso em 03 fev. 2023.
BRASIL. Lei nº 11.942, de 27 de maio de 2009. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 28 maio. 2009. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l11942.htm. Acesso em 03 fev. 2023.
BRASIL. Lei nº 13.257, de 8 de março de 2016. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 8 de março de 2016. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2016/lei/l13257.htm. Acesso em: 03 fev. 2023.
BRASIL. Lei nº 13.300, de 23 de junho de 2016. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 24 de junho de 2016. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2016/lei/l13300.htm. Acesso em: 03 fev. 2023.
BRASIL. Lei nº 13.769, de 19 de dezembro de 2018. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 20 de dezembro de 2018. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/l13769.htm. Acesso em: 03 fev. 2023.
BRASIL. Ministério da Justiça; Dar à luz na sombra: condições atuais e possibilidades futuras para o exercício da maternidade por mulheres em situação de prisão. Ministério da Justiça, Secretaria de Assuntos Legislativos. Brasília: Ministério da Justiça, IPEA, 2015. Disponível em: https://www.justica.gov.br/news/201clugar-de-crianca-nao-e-na-prisao-nem-longe-de-sua-mae201d-diz-pesquisa/pesquisa-dar-a-luz-na-sombra-1.pdf. Acesso em: 10 set. 2022.
BRASIL. Ministério da Justiça; Departamento Penitenciário Nacional (DEPEN). Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias – INFOPEN Mulheres. 2. ed. Brasília, 2018. Disponível em: https://conectas.org/wp-content/uploads/2018/05/infopenmulheres_arte_07-03-18-1.pdf. Acesso em: 06 out. 2022.
BRASIL. Ministério da Justiça. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). Retrato das Desigualdades de Gênero e Raça. 4. ed. Brasília, DF: IPEA, 2012. Disponível em: http://www.ipea.gov.br/retrato/pdf/revista.pdf. Acesso em: 03 fev. 2023.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental nº 347, Relator: Marco Aurélio Mello, 2015. Disponível em: http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4783560. Acesso em: 30 jan. 2023.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Habeas Corpus Coletivo nº 143.641/SP. Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Brasília, DF, 09 de outubro de 2018. Disponível em: https://www.stf.jus.br/arquivo/cms/noticiaNoticiaStf/anexo/HC143641final3pdfVoto.pdf. Acesso em: 19 mar. 2022.
CERNEKA, Heidi Ann. Homens que menstruam: considerações acerca do sistema prisional às especificidades da mulher. Revista Veredas do Direito, Belo Horizonte, v. 6 n. 11, p. 61-78, jan./jun. 2009. Disponível em: https://revista.domhelder.edu.br/index.php/veredas/article/view/6. Acesso em 29 jan. 2023.
CHERNICHARO, Luciana Peluzio. Sobre Mulheres e Prisões: Seletividade de Gênero e Crime de Tráfico de Drogas no Brasil. Rio de Janeiro: Programa de Pós-Graduação (Mestrado em) Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2014.
DEL OLMO, Rosa. Reclusion de mujeres por delitos de drogas: Reflexiones iniciales. Revista Española de Drogodependencias, v. 23, n. 1, p. 5-24, 1998. Disponível em: https://www.aesed.com/descargas/revistas/v23n1_1.pdf. Acesso em 29 jan. 2023.
INSTITUTO DE DEFESA DO DIREITO DE DEFESA (IDDD). O fim da liberdade: a urgência de recuperar o sentido e a efetividade das audiências de custódia. São Paulo: ITTC, 2019. Disponível em: http://www.iddd.org.br/wp-content/uploads/2020/07/OFimDaLiberdade_completo.pdf. Acesso em: 06 jan. 2023.
QUEIROZ, Nana. Presos que menstruam. 4. ed. Rio de Janeiro: Record, 2015.
LIMA, Luísa Filizzola Costa; SILVA, Mônica Costa. O aumento do encarceramento feminino no Brasil: pobreza, seletividade penal e desigualdade de gênero. Observatório das desigualdades, Belo Horizonte, 17 de abril de 2020 Disponível em: http://observatoriodesigualdades.fjp.mg.gov.br/?p=975. Acesso em 21 nov. 2022.
ONU. Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL); Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (UNIFEM). Entender la pobreza desde la perspectiva de género. 2004. Disponível em: https://repositorio.cepal.org/bitstream/handle/11362/5918/1/S0400008_es.pdf. Acesso em: 03 fev. 2023.
RIO GRANDE DO SUL, Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Habeas Corpus nº 50408636820218217000. Segunda câmara criminal. Relatora: Viviane de Faria Miranda. 26 de abril de 2021. Disponível em: https://www.tjrs.jus.br/site_php/consulta/consulta_processo.php?nome_comarca=Tribunal%20de%20Justi%C3%A7a%20do%20RS&versao=&versao_fonetica=1&tipo=1&id_comarca=700&num_processo_mask=&num_processo=50408636820218217000&codEmenta=7706337&temIntTeor=true. Acesso em: 03 fev. 2023.
RIO GRANDE DO SUL. Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Habeas Corpus, Nº 70077055184. Segunda Câmara Criminal, Relatora: Rosaura Marques Borba, 10 de maio de 2018. Disponível em: https://www.tjrs.jus.br/site_php/consulta/consulta_processo.php?nome_comarca=Tribunal%20de%20Justi%C3%A7a%20do%20RS&versao=&versao_fonetica=1&tipo=1&id_comarca=700&num_processo_mask=&num_processo=70077055184&codEmenta=7706337&temIntTeor=true. Acesso em: 25 fev. 2022.
SOUZA, Simone Brandão. Criminalidade Feminina: trajetórias e confluências na fala de presas do Talavera Bruce. Rio de Janeiro: Escola (Mestrado em) Nacional de Ciências Estatísticas da Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2005. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=128617. Acesso em: 03 fev. 2023.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 InSURgência: revista de direitos e movimentos sociais
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Esta publicação está licenciada com uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional. / Esta publicación es licenciada bajo una Licencia Creative Commons 4.0, Atribución-Sin Derivaciones / This publication is licensed under a Creative Commons Attribution 4.0 International License.