Entre a criminologia midiática e o racismo de estado: o caso dj Rennan da Penha
DOI:
https://doi.org/10.26512/revistainsurgncia.v10i2.43305Palavras-chave:
Rennan da Penha, Criminologia midiática, Racismo de Estado, Necropolítica, EpistemicídioResumo
Em 2019, o DJ Rennan da Penha foi acusado de associação ao tráfico de drogas no Complexo do Alemão. Este trabalho tem como objetivo analisar a reverberação da cobertura midiática que envolveu a prisão do DJ. Os materiais dessa pesquisa concentram-se em sites de notícias das mídias corporativas e alternativas, cujo estudo foi realizado através do emprego da análise de discurso foucaultiana. Como resultado de pesquisa, tem-se que as mídias corporativas estabelecem uma criminologia midiática, uma vez que constroem rótulos e etiquetas que corroboram com o reforço de estereótipos de indivíduos pretos e pobres no Brasil. Por outro lado, as mídias alternativas estabelecem discursos críticos que vão ao encontro de conceitos como racismo de Estado, necropolítica e epistemicídio.
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