Dilemas e sensibilidades do “Tempo Presente” na emergência da “Era Vargas” como objeto historiográfico

Autores

DOI:

https://doi.org/10.26512/emtempos.v23i44.55655

Palavras-chave:

História do Tempo Presente, História Contemporânea, Era Vargas

Resumo

Objetiva­-se demonstrar como a chamada história contemporânea, ao longo da segunda metade do século XX, no Brasil, lidava com dilemas semelhantes àqueles enfrentados pelos historiadores que encabeçaram a História do Tempo Presente (HTP) na França ou em outros países europeus (o veto ao tempo próximo; a desconfiança quanto à objetividade; o desafio de testemunhas vivas e a questão da memória; a indisponibilidade de fontes e/ou acervos e; as demandas sociais). Busca­se argumentar que o Brasil não precisou, necessariamente, da recepção da tradição francesa da HTP para enfrentar questões inerentes a este campo de estudos históricos. Muitos desses dilemas do “tempo presente” se manifestaram em pesquisas cujo recorte temporal abrangia as décadas de
trinta e quarenta no Brasil. Significativamente, essas investigações interessavam­-se pelos momentos nos quais Getúlio Vargas foi chefe do poder executivo federal no Brasil (1930­-1945). Assim, pretende­-se apresentar e discutir alguns desses trabalhos a fim de problematizar em que medida o conceito de ‘contemporâneo’ e ‘história recente’ no Brasil inseria­-se em um mesmo regime historiográfico onde se desenvolveu na Europa a História do Tempo Presente de tradição francesa.

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Biografia do Autor

Weslley dos Santos Graper, Universidade do Estado de Santa Catarina

Graduado em História pela Universidade da Região de Joinville (Univille). Mestrando em História pela Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc). Desenvolve pesquisa com bolsa da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) na área de História com foco na Segunda República (1930-1945) e Terceira República (1945-1964) brasileira no estado de Santa Catarina, em interface com a história do tempo presente, História e Imprensa e História e Política. Foi bolsista do Laboratório de História Oral da Univille (LHO/Univille) e do Centro Memorial da Univille (CMU) (2021-2023). Foi bolsista de iniciação científica pela FAPESC (2022-2023). Foi bolsista do Programa de Iniciação à Docência (PIBID) (2020 - 2022) e do Programa de Residência Pedagógica (PRP) (2022-2023). É membro, desde 2020, do Grupo de Pesquisa Cidade, Cultura e Diferença (GPCCD).

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Publicado

2024-12-30

Como Citar

GRAPER, Weslley dos Santos. Dilemas e sensibilidades do “Tempo Presente” na emergência da “Era Vargas” como objeto historiográfico. Em Tempo de Histórias, [S. l.], v. 23, n. 44, p. 6–30, 2024. DOI: 10.26512/emtempos.v23i44.55655. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/emtempos/article/view/55655. Acesso em: 2 jan. 2025.

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