Por uma política orientada ao futuro:
a provocação filosófica e estratégica do “aceleracionismo de esquerda”
Palavras-chave:
Aceleracionismo, CCRU, Hiperstição, Comunismo, Mark FisherResumo
Em um contexto de profundas transformações no capitalismo, especialmente causadas pelo desenvolvimento tecnológico, surgem as correntes chamadas aceleracionistas. Neste artigo, buscamos fazer uma genealogia do chamado “aceleracionismo de esquerda”, encontrando suas origens em uma heresia marxista originada no pós-estruturalismo francês nos anos 1970, e desenvolvida na Unidade de Pesquisa em Cultura Cibernética (CCRU, em inglês) nos anos 1990. No contexto do CCRU, Nick Land e Mark Fisher traçam os caminhos para o aceleracionismo de direita (fáustico) e o de esquerda (prometeico) respectivamente. No campo da esquerda, por sua vez, a provocação filosófica vai ganhando ares cada vez mais nítidos de estratégia política, e as reflexões de Fisher são desenvolvidas por outros autores como, Srnicek e Williams, Aaron Bastani e Phillips e Rozworski. Assim, temas clássicos da esquerda como o mundo do trabalho e a planificação econômica ganham novas perspectivas de debate. Construído esse caminho, terminamos apontando alguns limites do aceleracionismo de esquerda e, principalmente, seu principal mérito: o de fazer recordar a urgência ”“ que há muito deixou de ser óbvia na esquerda ”“ de uma política orientada para o futuro.
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