O ruído outra vez:
A dinâmica dos fluidos entre os Tupinambá da costa
DOI:
https://doi.org/10.26512/dasquestoes.v11i1.37231Palavras-chave:
Tupinambá;, fluidos corporais, guerra;, parentesco.Resumo
O presente artigo propõe mais uma visita aos relatos seiscentistas sobre o ritual do homicídio dos Tupinambá da costa, desta vez para razer para o primeiro plano a ontologia de substâncias própria do idioma da corporeidade ameríndio. Seguindo as poucas pistas sobre a menstruação feminina, e em particular sobre o ritual que sucedia a menarca, parece possível argumentar que a reclusão do matador não era só um ritual guerreiro, nem somente um “ritual de passagem” para a condição de homem adulto. Ao aproximar as duas cerimônias, a do jovem após o homicídio e a da moça após a menarca, espera-se poder especular sobre uma dinâmica entre sangue e sêmen na criação de corpos maduros férteis.
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