OS LEITORES FRANCESES DE WHITEHEAD
DOI:
https://doi.org/10.26512/dasquestoes.v7i7.28788Palavras-chave:
A. N. Whitehead, Jean Wahl, Maurice Merleau-Ponty, Gilles DeleuzeResumo
Alfred North Whitehead, apesar de sua longa carreira na Inglaterra e a série de importantes publicações que seguiram sua mudança aos Estados-Unidos, não parece ter integrado-se fortemente à filosofia anglófona. Talvez isso tenha ocorrido por causa da forte cisão nesta entre uma certa “tradição analítica”, oposta a uma outra “continental”, cisão essa que não dá conta da particularidade da obra do filósofo. Na França, Whitehead encontrou um leitor entusiasta na pessoa de Jean Wahl. Este, já em 1920, abordava o pensamento pluralista anglófono em sua tese principal Les Philosophies pluralistes d’Angleterre et d’Amérique, nadando na contracorrente da maioria de seus colegas da época. Nessa obra, o nome de Whitehead aparece uma única vez, mas na década de 1930 o filósofo inglês é matéria de um longo estudo intitulado La philosophie spéculative de Whitehead, publicado em 1931, e é também um dos objetos principais da obra Vers le concret, de 1932, ao lado de William James e Gabriel Marcel. Após a Segunda Guerra, retornando de seu exílio nos EUA, Wahl assumirá um importante papel como autor referência e professor de toda uma geração de filósofos. É sobretudo pela via de seus ensinamentos que Whitehead ganhará lugar nas obras de Maurice Merleau-Ponty e Gilles Deleuze. No caso do primeiro, Whitehead representa uma adição notável no debate metafísico de Merleau-Ponty, figurando em papel relevante em seus cursos no Collège de France sobre a Natureza, ministrados entre 1956 e 1960. No caso de Deleuze, Whitehead é uma espécie de modelo de filósofo cujo pensamento aparece em suas obras desde os anos 1960 até o final do século, mas sempre com poucas menções diretas. Neste trabalho, exploro primeiramente a leitura de Wahl da obra de Whitehead e o papel de intermediador que ele desempanha para sua recepção na França. Em segundo lugar, exponho em linhas gerais como Whitehead figura nas obras de Merleau-Ponty e Deleuze.
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