Por uma política orientada ao futuro:

a provocação filosófica e estratégica do “aceleracionismo de esquerda”

Autores

  • Rodrigo Santaella Gonçalves Instituto Federal do Ceará - Brasil
  • Victor Marques Universidade Federal do ABC

Palavras-chave:

Aceleracionismo, CCRU, Hiperstição, Comunismo, Mark Fisher

Resumo

Em um contexto de profundas transformações no capitalismo, especialmente causadas pelo desenvolvimento tecnológico, surgem as correntes chamadas aceleracionistas. Neste artigo, buscamos fazer uma genealogia do chamado “aceleracionismo de esquerda”, encontrando suas origens em uma heresia marxista originada no pós-estruturalismo francês nos anos 1970, e desenvolvida na Unidade de Pesquisa em Cultura Cibernética (CCRU, em inglês) nos anos 1990. No contexto do CCRU, Nick Land e Mark Fisher traçam os caminhos para o aceleracionismo de direita (fáustico) e o de esquerda (prometeico) respectivamente. No campo da esquerda, por sua vez, a provocação filosófica vai ganhando ares cada vez mais nítidos de estratégia política, e as reflexões de Fisher são desenvolvidas por outros autores como, Srnicek e Williams, Aaron Bastani e Phillips e Rozworski. Assim, temas clássicos da esquerda como o mundo do trabalho e a planificação econômica ganham novas perspectivas de debate. Construído esse caminho, terminamos apontando alguns limites do aceleracionismo de esquerda e, principalmente, seu principal mérito: o de fazer recordar a urgência ”“ que há muito deixou de ser óbvia na esquerda ”“ de uma política orientada para o futuro.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Victor Marques, Universidade Federal do ABC

Professor da Universidade Federal do ABC. Possui graduação em Ciências Biológicas pela Universidade de São Paulo (2006) e mestrado em Filosofia pela Universidade Federal do Ceará (2009) e doutorado em filosofia na PUCRS, sob a orientação do Professor Dr. Eduardo Luft, com sanduíche na Universidade de Bonn, sob orientação do Professor Dr. Markus Gabriel. Trabalha nas áreas de filosofia da biologia, filosofia da ciência, filosofia da mente, ontologia, idealismo alemão e a tradição dialética. Tem particular interesse na relação entre as ciências naturais e a filosofia.

Referências

BARTHES, Roland. Le plaisir du texte. Paris: Le Seuil, 2015;

BASTANI, Aaron. Fully automated luxury communism. A manifesto Londres: Verso (Edição do Kindle), 2019;

BAUDRILLARD, J. A troca simbólica e a morte. São Paulo: Edições Loyola, 1996;

CARON, J. P. zEros: Land, Sellars e o Aceleracionismo. Das Questões, v.6, n.1, 20 set 2018;

CUNNINGHAM, D. I. A Marxist heresy? Accelerationism and its discontents. Radical Philosophy, n. 191, 2015, p. 29-38;

DELEUZE, G. & GUATTARI, F. O anti-Édipo: capitalismo e esquizofrenia 1. São Paulo: Ed. 34, 2010;

ESHUN, K. More Brilliant Than The Sun: Journeys in Sonic Futurism. Londres: Quartet Books, 1998;

FISHER, Mark. Realismo capitalista: é mais fácil imaginar o fim do mundo do que o fim do capitalismo? São Paulo: Autonomia Literária, 2020;

FOSTER, John Bellamy. The communist manifesto and the environment. Socialist register, v. 34, 1998;

HOLLOWAY, J. Mudar o mundo sem tomar o poder. São Paulo: Editora Viramundo, 2012;

LAND, N. Fanged Noumena. Collected writings 1987-2007. Urbanomic, 2011;

_____Machinic desire. Textual Practice, v. 7, n. 3, 1993, p.471-482;

_____A quick-and-dirty introduction to accelerationism In: https://jacobitemag.com/2017/05/25/a-quick-and-dirty-introduction-to-accelerationism/, acessado em 26/09/2020, 2017;

LÖWY, Michael. For a critical Marxism. Against the Current 12, no. 5 (n.s.), (Nov./Dec.), 1997, 31”“35;

LYOTARD, J.-F. Economie libidinale. Paris: Minuit, 1974;

MACKAY, Robin; AVANESSIAN, Armen (Orgs.). #Accelerate: the accelerationism reader. Londres: Urbanomic, 2013;

MARX, K. Grundrisse ”“ manuscritos econômicos de 1857-1858: esboços da crítica da economia política. São Paulo: Boitempo, 2011;

MARQUES, Victor; GONSALVES, Rodrigo. Contra o cancelamento do futuro: a atualidade de Mark Fisher na crise do neoliberalismo. In FISHER, Mark. Realismo capitalista: é mais fácil imaginar o fim do mundo do que o fim do capitalismo? São Paulo: Autonomia Literária, 2020;

NOYS, Benjamin. The persistance of the negative: A Critique of Contemporary Continental Theory. Edimburgo: Edinburgh Scholarship Online, 2012;

_____. Malign Velocities: Accelerationism and Capitalism. Winchester: Zero Books, 2014;

O'SULLIVAN, Simon; GUNKELL, Henriette; HAMEED, Ayesha (Ed.). Futures and Fictions. Watkins Media Limited, 2017.

PHILLIPS, Leigh; ROZWORSKI, Michal. People’s Republic of Walmart. Londres: Verso (Edição do Kindle), 2019;

PINHEIRO, Damares Alves. O domínio de Tamerlão. Os efeitos dos presságios aceleracionistas em Marx. Brasília: Repositório da UnB, 2020;

PORTO, Renan. Ciborgues sonham com britadeiras?. Revista Lugar Comum: estudos de mídia, cultura e democracia, Rio de Janeiro, n. 50, 2017, p. 50-68;

SCOTT, James. Seeing like a State. How Certain Schemes to Improve the Human Condition Have Failed. New Haven: Yale University Press, 1998;

SHAVIRO, Steven. No speed limit: three essays on accelerationism. Minneapolis: University of Minnesota Press, 2015;

SRNICEK, Nick; WILLIAMS, Alex. Inventing the future. London/NY: Verso (Edição do Kindle), 2015;

____. Manifesto aceleracionista. Lugar Comum, #41, 2014. Disponível em: http://uninomade.net/lugarcomum/41/ , Acessado em 27.03.2015;

____. #Accelerate: Manifesto for an accelerate politics. In: MACKAY, Robin; AVANESSIAN, Armen (Orgs.). #Accelerate: the accelerationism reader. Londres: Urbanomic, 2013;

WARK, McKenzie. Capital is dead. Londres: Verso, 2019.

Downloads

Publicado

2021-06-20

Como Citar

GONÇALVES, Rodrigo Santaella; XIMENES MARQUES, Victor. Por uma política orientada ao futuro: : a provocação filosófica e estratégica do “aceleracionismo de esquerda”. Das Questões, [S. l.], v. 12, n. 1, 2021. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/dasquestoes/article/view/34941. Acesso em: 19 abr. 2024.