Do “Pai João” às “Laranjas da Sabina”
escravidão e resistência nos tempos do Império
DOI:
https://doi.org/10.26512/cerrados.v34i67.57628Palavras-chave:
Canção, Historiografia, Musicologia, Abolicionismo, Brasil ImpérioResumo
Este artigo, focado num dos principais temas do Volume Zero de “Quem foi que inventou o Brasil? – a música conta a história do Império e do começo da República (1822-1906)” (Martins, 2023), mostra como lundus, modinhas, jongos, vissungos, cantigas de roda, tanguinhos, batuques, congadas e outros gêneros musicais lidaram de forma crítica com a escravidão e o racismo no século XIX. Muitas vezes recorrendo à chamada “língua de preto”, as canções nasceram nas senzalas, nos locais de trabalhos, nas ruas, nas feiras, espalhando-se pelo país graças principalmente à transmissão oral e aos circos e, mais tarde, ao teatro musicado ligeiro. Elas deixam claro que os cativos não se submeteram passivamente à escravidão, mas resistiram como puderam à exploração, à desumanização e à desqualificação. Apoiando-se em mais de cem canções, que vão desde o ciclo do “Pai João”, do começo do século XIX, até as “Laranjas da Sabina”, às vésperas da Proclamação da República, o texto descreve também como o Brasil transitou em poucas décadas da transmissão oral tradicional para uma indústria cultural moderna.
Downloads
Referências
ABREU, Martha. Da senzala ao palco: canções escravas e racismo nas Américas (1870-1930). Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2017.
ALONSO, Angela. Flores, votos e balas: o movimento abolicionista brasileiro. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.
ASSIS JUNIOR, A. de. Dicionário Kimbundu – Português. Luanda: Argente, Santos & Cia. Ltda, s.d.
AZEVEDO, Artur. Teatro de Artur Azevedo. Rio de Janeiro: Funarte, 2a ed., 1995, 6 v.
BASBAUM, Leôncio. História Sincera da República, de 1889 a 1930. São Paulo: Fulgor, 1968.
BURKE, Peter. Cultura popular na Idade Moderna: Europa 1500 – 1800. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.
CASTRO, Yeda Pessoa de. Falares Africanos na Bahia: um vocabulário afro-brasileiro. Rio de Janeiro: Topbooks Editora, 2ª ed., 2005
CLÁUDIO, Afonso. Insurreição de Queimado: episódio da história da Província do Espírito Santo. Vitória: Editora da Fundação Ceciliano Abel de Almeida, s.d.
DINIZ, Alai Garcia; OLIVEIRA, Gilvan Müller de (org.). Conversação: cordel de cultura afro-brasileira. Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina, Núcleo de Estudos Portugueses, 1999.
DINIZ, Edinha. Chiquinha Gonzaga: uma história de vida. Nova edição, revista e atualizada. Rio de Janeiro, Zahar, 2009.
GODOI, Rodrigo Camargo de. Um editor no Império: Francisco de Paula Brito (1809-1861). São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, Fapesp, 2016.
LARA, Silvia Hunold Lara e PACHECO, Gustavo. Memórias do jongo: as gravações históricas de Stanley J. Stein. Vassouras, 1949. Rio de Janeiro: Folha Seca; Campinas (SP): CECULT, 2007
MACHADO FILHO, Aires da Mata. O negro e o garimpo em Minas Gerais. Belo Horizonte: Editora Itatiaia, 1985.
MARTINS, Franklin. Quem foi que inventou o Brasil? – a música popular conta a história da República. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2015, 3 v.
MARTINS, Franklin. Quem foi que inventou o Brasil? – a música conta a história do Império e do começo da República (1822-1906). Curitiba: Kotter Editorial, 2023, Volume Zero.
MARZANO, Andrea. Cidade em cena: o ator Vasques, o teatro e o Rio de Janeiro (1839-1892). Rio de Janeiro: Folha Seca / FAPERJ, 2008.
REIS, João José. Ganhadores: a greve negra de 1857 na Bahia. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.
SOUZA, Silvia Cristina Martins de. Carpinteiros teatrais, cenas cômicas & diversidade cultural no Rio de Janeiro oitocentista: ensaios de história social da cultura. Londrina: Eduel, 2010.
SUSSEKIND, Flora. As revistas do ano e a invenção do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Nova Fronteira: Fundação Casa de Rui Barbosa, 1986.
TINHORÃO, José Ramos Tinhorão. As origens da canção urbana. São Paulo: Ed. 34, 2011.
VENEZIANO, Neyde. Não adianta chorar: teatro de revista brasileiro... Oba! Campinas (SP): Editora da Unicamp, 1996.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Revista Cerrados

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Proibida a reprodução parcial ou integral desta obra, por qualquer meio eletrônico, mecânico, inclusive por processo xerográfico, sem permissão expressa do editor (Lei n. 9.610 de 19/2/1998 )
