QUE HORAS SÃO O JAPÃO? PROBLEMAS DE HISTORIOGRAFIA (INTERCULTURAL) COMPARATIVA

Autores

  • Carlos Alberto de Moura Ribeiro Zeron
  • Marco Antonio Calil Machado
  • Maria Beatriz Correa Neves

Resumo

Em vez de refletir sobre o processo de uma alegada “modernização” dos estudos históricos acadêmicos, uma comparação intercultural de historiografias deveria considerar como seu ponto de partida as origens europeias da história acadêmica. A razão, conforme argumenta este artigo, é que a genealogia europeia da disciplina de História continuou a estruturar interpretações do passado em países não europeus. No nível do método, mas também notadamente no nível das estratégias interpretativas, a “Europa” permaneceu como baliza para a explicação historiográfica. Este artigo usará o exemplo da historiografia japonesa do pós-guerra para mostrar que historiadores recorreram a um modelo europeu para transformar eventos aparentemente desconexos no passado japonês em uma narrativa histórica. Isso não supõe, no entanto, que a historiografia japonesa se apoiava passivamente em conceitos do discurso ocidental. Pelo contrário, os historiadores japoneses apropriaram-se e transformaram os elementos desse discurso com o propósito político de posicionar o Japão com relação à Ásia e ao “Ocidente”. Todavia, no nível epistemológico, a prioridade da “Europa” persistiu; a historiografia japonesa continuou sendo um “discurso derivativo”. Estudos de historiografia comparada, portanto, deveriam estar atentos aos traços de ascendência europeia da história acadêmica e privilegiar a história transnacional da historiografia a meditações sobre sua racionalização interna.

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Publicado

11-12-2017

Como Citar

Zeron, C. A. de M. R., Machado, M. A. C., & Neves, M. B. C. (2017). QUE HORAS SÃO O JAPÃO? PROBLEMAS DE HISTORIOGRAFIA (INTERCULTURAL) COMPARATIVA. Revista Cerrados, 25(44). Recuperado de https://periodicos.unb.br/index.php/cerrados/article/view/13714