Espirais, giras e quebras

modos e formas de enunciar experiências pretas em PRETOVÍRGULA, de Lucas Litrento

Autores

DOI:

https://doi.org/10.26512/cerrados.v33i66.55128

Palavras-chave:

Lucas Litrento, Exu, Tempo espiralar, Autoria negra, Poesia

Resumo

Este artigo parte da análise do livro PRETOVÍRGULA (Círculo de Poemas, 2023), do poeta alagoano Lucas Litrento, a fim de investigar modos e formas de enunciação de experiências pretas através do discurso poético, avaliando de que maneira o autor tensiona as categorias identitárias que, por vezes, pretendem-se fixas, mesmo num país com rica diversidade racial como o Brasil. Para tanto, analisamos imagens como a espiral, a gira e a quebra, entendidas por nós como princípios estéticos eleitos por Litrento de forma a traduzir, na linguagem poética, a complexidade com que as identidades se formam em um território conflagrado como o brasileiro. Além disso, destacamos a centralidade da figura de Exu como eixo estruturante para a construção do livro, que impacta diretamente nas escolhas estéticas feitas pelo autor. Acerca deste ponto, foi fundamental o diálogo com as proposições de teóricos como Leda Maria Martins, Edimilson de Almeida Pereira e Muniz Sodré.

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Biografia do Autor

Luan Sabino Siqueira, Universidade Federal Fluminense

Doutorando em Estudos de Literatura pela Universidade Federal Fluminense (UFF), na subárea de Literatura Comparada. Mestre em Estudos de Literatura pela mesma instituição. Graduado no curso de licenciatura em Letras - Português/ Literaturas, também pela UFF, com passagem pela Universidade do Porto como bolsista Capes. Atua desde 2016 como professor voluntário em pré-vestibular comunitário. Tem experiência profissional como professor de ensino básico em instituições privadas nas disciplinas de língua portuguesa, literatura brasileira e redação. Na área de Letras, seus interesses de pesquisa possuem ênfase em Literatura Brasileira, Poesia Contemporânea e Teatro negro-brasileiro, atuando principalmente nos seguintes temas: relações do sagrado com a poesia, temáticas raciais na literatura e nas artes, teatro e dramaturgia de autoria negra.

Anita Martins Rodrigues de Moraes, Universidade Federal Fluminense

Anita Martins Rodrigues de Moraes possui graduação em Letras pela Universidade Estadual de Campinas (1999), mestrado em Literatura Brasileira (2002; bolsa FAPESP) e doutorado em Teoria da Literatura (2007; bolsa FAPESP; doutorado sanduíche na Universidade de Lisboa, 2005) pelo programa de pós-graduação em Teoria e História Literária da mesma universidade. Desenvolveu seu pós-doutorado na Universidade de São Paulo na área de Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa (2008-2011; bolsa FAPESP; intercâmbio na Universidade de Lisboa, 2011). Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Teoria da Literatura, Literatura Brasileira e Literaturas Africanas de Língua Portuguesa. Desde 2012 é professora de Teoria da Literatura junto ao Departamento de Ciências da Linguagem da Universidade Federal Fluminense. Atualmente integra o corpo docente do Programa de Pós-Graduação Lato Sensu em Literatura Infanto-Juvenil (LIJ) e o corpo docente do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Estudos da Literatura da mesma universidade (Capes 7). De suas publicações, destacam-se os livros Contornos humanos: Primitivos, rústicos e civilizados em Antonio Candido (CEPE Editora, 2023), Para além das palavras: representação e realidade em Antonio Candido (Editora da Unesp, 2015) e O inconsciente teórico: investigando estratégias interpretativas de Terra Sonâmbula, de Mia Couto (Editora Annablume/ FAPESP, 2009). Publicou também a antologia O Brasil na poesia africana de língua portuguesa (Editora Kapulana, 2019), organizada em parceria com a professora Vima Lia Martin (USP).E-mail: anitamoraes@id.uff.br

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Publicado

17-12-2024

Como Citar

Sabino Siqueira, L., & Martins Rodrigues de Moraes, A. (2024). Espirais, giras e quebras: modos e formas de enunciar experiências pretas em PRETOVÍRGULA, de Lucas Litrento. Revista Cerrados, 33(66), 29–37. https://doi.org/10.26512/cerrados.v33i66.55128

Edição

Seção

Literatura e teoria de autoria negra no Atlântico Sul

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