Brás Cubas e a tradição dos narradores senhoriais
DOI:
https://doi.org/10.26512/cerrados.v34i68.57829Palavras-chave:
situação ficcional, narrador-personagem, classe senhorial, tradição, romance brasileiroResumo
De acordo com uma teoria dialética que associa a literatura com a sociedade, a hipótese deste artigo sugere a existência de uma tradição de narradores senhoriais no romance brasileiro. Tendo como principal característica a presença de um narrador-personagem que pertence a uma classe senhorial posta em situações ficcionais, esta tradição inicia com Brás Cubas e segue com Bento Santiago, João Miramar, Serafim Ponte Grande, Carlos de Melo, Paulo Honório e Riobaldo. Em todos os casos, há uma contradição a ser decifrada entre o foco narrativo e o plano compositivo de cada romance, sendo que o foco ocupa um primeiro plano parcial e a composição um segundo plano imparcial. O leitor é então envolvido em uma experiência estética realista e dialética na feita em que as versões parciais são superadas em prol de uma percepção contraditória da realidade. Seguindo a trajetória histórica e geográfica dos membros da tradição, vai ser possível desenvolver uma comparação de alguns autores relevantes para a literatura brasileira: Machado de Assis, Oswald de Andrade, José Lins do Rego, Graciliano Ramos e João Guimarães Rosa.
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