Encenação do fascínio pelo mal
Uma leitura de A nova ordem, de B. Kucinski
DOI:
https://doi.org/10.26512/cerrados.v32i62.44151Palavras-chave:
A Nova ordem, Distopia, Banalidade do mal, Fascismo eterno.Resumo
Esse artigo faz uma leitura do romance A Nova Ordem (2019), de Bernardo Kucinski, analisando as características da distopia que propõe novos caminhos de progresso para o Brasil. Como é próprio dessa literatura, a análise do texto provoca sensações de repulsa pelas ações e crenças das personagens, mas também descortina um Brasil da realidade que parece muito possível de acontecer. Tudo no texto de ficção transita nos nossos olhos como se assim o fosse. Desse modo, o romance ambientado no Brasil tem características desnudas do autoritarismo fascista, mas também reporta, em muitos tópicos, a realidade do país que parece envolto por uma aura ditatorial. As retomadas, presentes na narrativa, de leis e órgãos, parte da realidade brasileira, reforçam essa impressão de insegurança, própria do gênero. Além disso, como as personagens e falas do enredo bem configuram ações e consciências ditatoriais, colocamos em evidência para apoio de leitura o entendimento de Hannah Arendt (1999) sobre a banalidade do mal, para analisar configurações discursivas que pontuam o caráter burocrático da prática da exclusão, expulsão e morte dos eleitos como outros, portanto, indesejáveis e retomamos as catorze características do fascismo, contribuições de Umberto Eco, no texto Fascismo eterno (2019).
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