Encenação do fascínio pelo mal

Uma leitura de A nova ordem, de B. Kucinski

Autores

DOI:

https://doi.org/10.26512/cerrados.v32i62.44151

Palavras-chave:

A Nova ordem, Distopia, Banalidade do mal, Fascismo eterno.

Resumo

Esse artigo faz uma leitura do romance A Nova Ordem (2019), de Bernardo Kucinski, analisando as características da distopia que propõe novos caminhos de progresso para o Brasil. Como é próprio dessa literatura, a análise do texto provoca sensações de repulsa pelas ações e crenças das personagens, mas também descortina um Brasil da realidade que parece muito possível de acontecer. Tudo no texto de ficção transita nos nossos olhos como se assim o fosse. Desse modo, o romance ambientado no Brasil tem características desnudas do autoritarismo fascista, mas também reporta, em muitos tópicos, a realidade do país que parece envolto por uma aura ditatorial. As retomadas, presentes na narrativa, de leis e órgãos, parte da realidade brasileira, reforçam essa impressão de insegurança, própria do gênero. Além disso, como as personagens e falas do enredo bem configuram ações e consciências ditatoriais, colocamos em evidência para apoio de leitura o entendimento de Hannah Arendt (1999) sobre a banalidade do mal, para analisar configurações discursivas que pontuam o caráter burocrático da prática da exclusão, expulsão e morte dos eleitos como outros, portanto, indesejáveis e retomamos as catorze características do fascismo, contribuições de Umberto Eco, no texto Fascismo eterno (2019).

 

 

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Biografia do Autor

Lizandro Carlos Calegari, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)

Possui Doutorado em Letras (Estudos Literários) pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS). Tem artigos publicados em periódicos especializados no Brasil, no Chile, nos Estados Unidos, na França, na Dinamarca e em Portugal. Desenvolveu pesquisas sobre a lírica de Carlos Drummond de Andrade e, mais recentemente, tem feito estudos sobre a ficção brasileira pós-64, literaturas marginais e teorias do trauma. De 2009 a 2014, foi professor de Literatura da Graduação e do PPGL da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI-FW). Atualmente, é professor de Literatura no Colégio Politécnico da UFSM e no Programa de Pós-Graduação em Letras (Mestrado e Doutorado) da mesma instituição.

Referências

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Publicado

30-08-2023

Como Citar

Vasconcelos Soares, D., & Calegari, L. C. . (2023). Encenação do fascínio pelo mal: Uma leitura de A nova ordem, de B. Kucinski. Revista Cerrados, 32(62), 127–135. https://doi.org/10.26512/cerrados.v32i62.44151

Edição

Seção

Dossiê - Atualidade do realismo: utopia e distopia

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