MEDO EM ÁGUA VIVA

A ESCRITURA FLUIDA DE CLARICE LISPECTOR

Autores

  • Jhony A. Skeika Universidade Estadual de Ponta Grossa

Palavras-chave:

Clarice Lispector, Água Viva, Pintura, Medo

Resumo

Este texto tem por objetivo refletir brevemente sobre a condição existencial da protagonista de Água viva (1973), de Clarice Lispector, e de suas duas versões anteriores ­”“ Atrás do pensamento: monólogo com a vida [1971] e Objeto gritante [ca 1972] ”“ atrelada ao ato de escrever/pintar. Nessa obra, em diversos momentos, a escritora/pintora ficcionalizada declara estar com medo de se lançar em uma expressão de linguagem mais fluida, híbrida, multifacetada, que não recorre necessariamente aos grossos significados convencionados na língua, mas a signos mais sensíveis, como a pintura e música, como se sugerisse que a linguagem organizada, que a escrita institucionalizada pretende ser, fosse incapaz de cumprir seu papel de representatividade. Como a protagonista declara diversas vezes estar com medo de se entregar a esse mundo de significados que foge à lógica pré-estabelecida da língua, também será considerada aqui uma pintura feita por Clarice Lispector, intitulada Medo (1975), procurando reconhecer um diálogo entre literatura e artes plásticas que parece ter sido estabelecido pela autora, a fim de preencher as lacunas deixadas pela limitação da palavra escrita.

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Biografia do Autor

Jhony A. Skeika, Universidade Estadual de Ponta Grossa

Professor do Departamento de Estudos da Linguagem (UEPG); Pós-doutorando (PNPD ”“ CAPES) no Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem (UEPG).

Referências

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Publicado

20-11-2020

Como Citar

A. Skeika, J. (2020). MEDO EM ÁGUA VIVA: A ESCRITURA FLUIDA DE CLARICE LISPECTOR. Revista Cerrados, 29(54), 111–123. Recuperado de https://periodicos.unb.br/index.php/cerrados/article/view/32052

Edição

Seção

Dossiê: Clarice Lispector: 100 anos entre outras artes