“Que tipo de liberdade deseja”:

os limites da farsa, da tragédia e da sátira em O Processo

Autores

DOI:

https://doi.org/10.26512/cerrados.v27i47.19734

Palavras-chave:

Kafka. Sátira. Alienação. Realismo

Resumo

O leitor de O Processo não pode crer no que dizem as personagens, incluindo a personagem principal, nem nas suas ações, cômicas e farsescas. Também o que diz o narrador é suspeito, não merece crédito. Mas o leitor percebe também que há um propósito nisso. O desconexo não está aí como uma ordem sobrenatural ou diabólica. Está tudo “neste lado de cá” (diesseitig), como observa Lukács ao comparar Kafka com Hoffmann. O desconexo, não sendo despropositado, requer interpretação. A comédia de que Josef K. quer participar adquire a dimensão trágica em decorrência da ausência de saída para o personagem, mas ganha uma força satírica que pretendo salientar.

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Biografia do Autor

Hermenegildo Bastos, Universidade de Brasília

Professor Titular aposentado da Universidade de Brasília.

Referências

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Publicado

28-12-2018

Como Citar

Bastos, H. (2018). “Que tipo de liberdade deseja”:: os limites da farsa, da tragédia e da sátira em O Processo. Revista Cerrados, 27(47), 153–167. https://doi.org/10.26512/cerrados.v27i47.19734

Edição

Seção

Marx: Arte, Literatura e Práxis