“Que tipo de liberdade deseja”:

os limites da farsa, da tragédia e da sátira em O Processo

Autores

DOI:

https://doi.org/10.26512/cerrados.v27i47.19734

Palavras-chave:

Kafka. Sátira. Alienação. Realismo

Resumo

O leitor de O Processo não pode crer no que dizem as personagens, incluindo a personagem principal, nem nas suas ações, cômicas e farsescas. Também o que diz o narrador é suspeito, não merece crédito. Mas o leitor percebe também que há um propósito nisso. O desconexo não está aí como uma ordem sobrenatural ou diabólica. Está tudo “neste lado de cá” (diesseitig), como observa Lukács ao comparar Kafka com Hoffmann. O desconexo, não sendo despropositado, requer interpretação. A comédia de que Josef K. quer participar adquire a dimensão trágica em decorrência da ausência de saída para o personagem, mas ganha uma força satírica que pretendo salientar.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Hermenegildo Bastos, Universidade de Brasília

Professor Titular aposentado da Universidade de Brasília.

Referências

BASTOS, Hermenegildo. Lukács, leitor de Proust e Kafka, segundo Carlos Nelson Coutinho. In: Rosa, Daniele dos Santos (org.). O realismo e sua atualidade. Literatura e modernidade periférica. São Paulo: Outras Expressões, 2018.
BENJAMIN, Walter. Franz Kafka: Em el décimo aniversario de sua muerte. In: Sobre Kafka. Textos, discussiones, apuntes. Buenos Aires: Eterna Cadencia Editora, 2014.
BEWES, Timothy. Reificação, representação e instanciação: Georg Lukács contra seus intérpretes. Remates de males, 35-1, 2005.
CASANOVA, Pascale. Kafka em colère. Paris: Éditions du Seuil, 2011.
CONRGOLD, Stanley. Medial Allusions at the Outset of Der Prozess; or, res in media. In: ROLLESTON, James (edited by). A Companion to the Works of Franz Kafka. New York: Camden House, 2002.
FEENBERG, Andrew. Rethingink Reification. In: BEWES, Timothy and HALL, Tim-othy. Georg Lukács: The Fundamental Dissonance of Existence. Aesthetics, Politics, Literature. London ”“ New York: Continuum International Publishing Group, 2011.
HONNETH, Axel. La réification. Petit traité de Théorie critique. Paris: Gallimard, 2007.
KAFKA, Franz. O Processo. Tradução e notas de Modesto Carone. São Paulo: Compa-nhia das Letras, 1997.
LECLER, Eric. L’Absolut et la Littérature. Du romantisme allemand à Kafka. Pour une critique politique. Paris: Classiques Garnier, 2013.
LUKÁCS, Georg. Significación actual del realismo crítico. México: Ediciones Era, 1963.
______. Die Eigenart des Ästhetischen. 1. Halbband. Georg Lukács Werk, Band 11. Ber-lin: Luchterhand, 1963.
______. La peculiaridade de lo estético. Vol. 2. Barcelona ”“ México: Ediciones Grijalbo S. A., 1972.
_______. Probleme des Realismus III. Werk, Band 6. Berlin: Luchterhand, 1965.
_______. A questão da sátira. In: _____. Arte e sociedade. Escritos estéticos 1932-1967. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2009.
TERTULIAN, Nicolas. A estética de Lukács trinta anos depois. In: PINASSI, Maria Orlanda, LESSA, Sérgio. Lukács e a atualidade do marxismo. São Paulo: Boitempo Editorial, 2002.

Downloads

Publicado

28-12-2018

Como Citar

Bastos, H. (2018). “Que tipo de liberdade deseja”:: os limites da farsa, da tragédia e da sátira em O Processo. Revista Cerrados, 27(47), 153–167. https://doi.org/10.26512/cerrados.v27i47.19734

Edição

Seção

Marx: Arte, Literatura e Práxis

Artigos Semelhantes

1 2 > >> 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.