Interpretação de língua de sinais no Brasil de 1907 a 1959
DOI:
https://doi.org/10.26512/belasinfieis.v10.n1.2021.36074Palavras-chave:
Intérprete de Libras. Século XX. História da interpretação. Interpretação comunitária. Documentos históricos.Resumo
A história da interpretação de línguas de sinais configura um campo pouco explorado, e isso pode ser observado em caracterizações históricas superficiais dessa prática em trabalhos acadêmicos. O objetivo deste artigo é discutir o registro sobre a interpretação de língua de sinais no Brasil nas seis primeiras décadas do século XX. Para tanto, a partir de uma pesquisa bibliográfica e documental, faz uso de um conjunto de documentos mantidos pelo Acervo Histórico do Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES) datados do período entre 1907 e 1959. Esse conjunto é constituído pelo livro de correspondências da referida instituição, uma edição de da revista da Associação Brasileira de Surdos-Mudos e os anais da 1ª Conferência Nacional de Professores de Surdos. Além desse conjunto, o Código do Processo Civil e Comercial do Distrito Federal (1910) também foi selecionado. Após a análise desse material, observa-se que as práticas de interpretação de língua de sinais, no período, são caracterizadas pelos aspectos da interpretação comunitária e se apresentam principalmente nos contextos jurídicos e associativos. Considera-se, nesse sentido, que as questões da cidadania e do direito interpelaram o exercício da interpretação de língua de sinais no início do século XX.
Downloads
Referências
Albres, N. A. (2016). Estudos sobre os papéis dos intérpretes educacionais: uma abordagem internacional. Revista Fórum, 34, 48-62. https://www.ines.gov.br/seer/index.php/forum-bilingue/article/view/99
Albres, N. A., & Rodrigues, C. H. (2018). As funções do intérprete educacional: entre práticas sociais e políticas educacionais. Bakhtiniana, 13(3), 16-41. https://doi.org/10.1590/2176-457335335
Albuquerque Júnior, D. M. (2007). História: a arte de inventar o passado. Ensaios de teoria da história. Edusc.
Anater, G. I. P., & Passos, G. C. R. (2010). Tradutor e intérprete de língua de sinais: história, experiências e caminhos de formação. Cadernos de Tradução, 2(26), 207-236. https://doi.org/10.5007/2175-7968.2010v2n26p207
Benvenuto, A. (2010). O que os alunos surdos ensinam à Filosofia? In L. M. P. Heening (Org.), Pesquisa, ensino e extensão no campo filosófico-educacional: debate contemporâneo sobre educação filosófica (pp. 323-349). Eduel.
Benvenuto, A., & Séguillon, D. (2016). Primeiros banquetes dos surdos-mudos no surgimento do esporte silencioso 1834-1942: por uma história política das mobilizações coletivas dos surdos. Moara, 45, 60-78. http://dx.doi.org/10.18542/moara.v1i45.3707
Carvalho, P. V. (2012). O Abade de L’Epée no século XXI [Trabalho completo]. In ESEC (Eds.), 1as Jornadas de Língua Gestual Portuguesa – Língua, Ensino e Interpretação. https://www.porsinal.pt/index.php?ps=artigos&idt=artc&cat=7&idart=307
Campos, A. A. S. (1959). O deficiente da audição perante o Direito [Trabalho completo]. In INES (Eds.), Anais da 1ª Conferência Nacional de Professores de Surdos (s.p.).
Davis, L. J. (1995). Enforcing Normalcy: Disability, Deafness, and the Body. Verso.
Decreto nº 8.332, de 3 de novembro de 1910 (1910). Approva o Codigo do Processo Civil e Commercial do Distrito Federal. Recuperado em 19 abril, 2021, de https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1910-1919/decreto-8332-3-novembro-1910-498462-norma-pe.html
Ephphatha. (1915). Ephphatha (v. 1, n. 6). Associação Brasileira de Surdos Mudos.
Foucault, M. (1998). Nietzsche, a genealogia e a história (R. Machado, Trad.). In M. Foucault, Microfísica do poder (pp. 15-37). Edições Graal.
Frishberg, N. (1990). Interpreting: An Introduction (Revised Edition). RID Publications.
Furia, F. H. (1959). Algumas sugestões. In INES (Eds.), Anais da 1ª Conferência Nacional de Professores de Surdos (s.p.).
Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (2015). Código de Processo Civil. Recuperado em 19 abril, 2021, de http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm
Laguna, M. C. V. (2015). Moralidade, idoneidade e convivência: discursos sobre as práticas dos repetidores de classe do INES no período de 1855 a 1910 que incidem na atuação profissional dos tradutores-intérpretes de língua de sinais da atualidade [Dissertação de mestrado, Universidade Federal do Rio Grande do Sul].
Leahy, A. M. (2015). Interpreted Communication with Deaf Parties under Anglo-American Common Law to 1880 [Dissertação de mestrado, Southern Utah University].
Lemos, G. S. (2020). Panorama (inter)nacional da história da atuação de tradutores-intérpretes de línguas de sinais entre os séculos XIV e XXI [Trabalho de conclusão de curso, Faculdade Batista de Minas Gerais; Instituto Pedagógico de Minas Gerais].
Newnham, N. (Diretora/Produtora), Lebrecht, J. (Diretor/Produtor), & Bolder, S. (Produtora). (2020). Crip Camp: A Disability Revolution [Filme]. Higher Ground Productions.
Pereira, M. C. P. (2008). Interpretação interlíngue: as especificidades da interpretação de língua de sinais. Cadernos de Tradução, 1(21), 135-156. https://doi.org/10.5007/2175-7968.2008v1n21p135
Pöchhacker, F. (2010). Conexões fundamentais: afinidade e convergência nos Estudos da Interpretação (M. Queiroz, Trad.). Scientia Traductionis, 7, 61-75. https://doi.org/10.5007/1980-4237.2010n7p61 (Obra original publicada em 2004)
Quadros, R. M. (2004). O tradutor e intérprete de língua brasileira de sinais e língua portuguesa. MEC; SEESP.
Reily, L. (2007). O papel da Igreja nos primórdios da educação de surdos. Revista Brasileira de Educação, 12(35), 308-326. https://doi.org/10.1590/S1413-24782007000200011
Rodrigues, C. H., & Santos, S. A. (2018). A interpretação e a tradução de/para línguas de sinais: contextos de serviços públicos e suas demandas. Tradução em Revista, 24, 1-29. https://doi.org/10.17771/PUCRio.TradRev.34535
Rocha, S. M. (2009). Antíteses, díades, dicotomias no jogo entre memória e apagamento presentes nas narrativas da história da educação de surdos: um olhar para o Instituto Nacional de Educação de Surdos (1856/1961) [Tese de doutorado, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro].
Rocha, S. M. (2016). O intérprete no Livro de Correspondências do INES de 1908. Visitando o Acervo do INES. Revista Espaço, 46, 247-250. https://www.ines.gov.br/seer/index.php/revista-espaco/article/view/339
Rodrigues, J. R. (2018). As seções de surdos e de ouvintes no Congresso de Paris (1900): problematizações sobre o pastorado e a biopolítica na educação de surdos [Dissertação de mestrado, Universidade Federal do Espírito Santo].
Santos, S. A. (2016). Questões emergentes sobre a interpretação de Libras-Português na esfera jurídica. Belas Infiéis, 5(1), 117-129. https://doi.org/10.26512/belasinfieis.v5.n1.2016.11372
Vidal, D. G. (1998). A fonte oral e a pesquisa em História da Educação. Educação em Revista, 27, 6-16.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 CC BY
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Dado ao acesso público desta revista, os textos são de uso gratuito, com obrigatoriedade de reconhecimento da autoria original e da publicação inicial nesta revista
A revista permitirá o uso dos trabalhos publicados para fins não comerciais, incluindo direito de enviar o trabalho para bases de dados de acesso público. As contribuições publicadas são de total e exclusiva responsabilidade dos autores.
Os autores, ao submeterem trabalhos para serem avaliados pela revista Belas Infiéis, mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, sendo o trabalho licenciado sob a Creative Commons Attribution License Atribuição 4.0 Internacional (CC BY 4.0).