O QUE PODEM AS TRADUÇÕES PELA LITERATURA BRASILEIRA?
DOI:
https://doi.org/10.26512/belasinfieis.v6.n2.2017.11451Palavras-chave:
Literatura brasileira, Tradução, Intermediários, ObstáculosResumo
Tendo como ponto de partida os estudos sobre a circulação transnacional da literatura, pretende-se, neste artigo, desenvolver uma reflexão sobre a literatura brasileira no exterior. Mais precisamente, toma-se como foco o contexto francês, problematizando-se alguns obstáculos à circulação da literatura brasileira. O artigo baseia-se em entrevistas realizadas no âmbito de uma pesquisa de pós-doutorado, bem como em depoimentos de atores do mercado editorial, elegendo duas questões centrais como possíveis obstáculos. A primeira diz respeito aos estereótipos relacionados ao Brasil, e a segunda refere-se ao reconhecimento da literatura brasileira no espaço nacional como condição para sua legitimação no exterior. Como já observado em estudos recentes, a maior parte das obras brasileiras atualmente traduzidas são ficções de autores contemporâneos em plena atividade, alguns dos quais recém-ingressos no sistema literário nacional. O processo que resulta na seleção do autor e da obra a ser traduzida supõe uma cadeia de atores, um dos principais, no caso da literatura brasileira, sendo o agente literário, além do editor (tanto no Brasil quanto no exterior), do tradutor, das instituições oficiais (a exemplo da Fundação Biblioteca Nacional por meio de seus editais de apoio à s traduções), entre outros. No que diz respeito aos processos de legitimação, uma vez traduzidas, essas obras encontram dificuldade em atravessar a barreira da invisibilidade e conquistar um reconhecimento internacional. Afinal, não basta ser traduzido; é preciso ser vendido, lido, comentado, enfim, “reescrito” (Lefevere). Os dois obstáculos explorados neste artigo esclarecem alguns aspectos desse processo, ainda que não esgotem a questão.
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