A supressão da vazante e o início do vazio

água e “insegurança administrada” no Vale do Jequitinhonha ”“ MG

Autores

  • Andréa Zhouri
  • Raquel Oliveira
  • Klemens Laschefski

Palavras-chave:

conflito, água, Vale do Jequitinhonha

Resumo

As formas contemporâneas de inserção do país na economia-mundo resultam muitas vezes em processos conflitivos envolvendo parcelas das populações locais, do Estado e dos agentes empresariais cujos investimentos se baseiam na exploração intensiva de recursos naturais. No Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais, os conflitos se multiplicam tendo por objeto a gestão das águas. Na literatura especializada, os conflitos sobre a água estão associados às condições distributivas, à desigualdade social e ao descompasso entre diferentes representações culturais. Nesse horizonte, este artigo examina, em particular, o conflito e os desafios vivenciados pelas comunidades ribeirinhas residentes a jusante da barragem de Irapé no que se refere às alterações provocadas em seu modo de vida a partir da instalação da usina no rio Jequitinhonha. Através da experiência como pesquisadores e assessores junto a essas comunidades, o texto discute as controvérsias sóciotécnicas e normativas envolvidas na naturalização da água como mercadoria, destacando seus efeitos na produção de um estado de insegurança e vulnerabilidade imposto à população local.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ABRAMOVAY, Ricardo. 1998. “Os Limites da Racionalidade Econômica”. In: ___. Paradigmas do Capitalismo Agrário em Questão. Campinas (SP): Ed. Hucitec/ UNICAMP. pp. 99-131.
ANDRADE, Maristela de Paula & SOUZA FILHO, Benedito. 2006. Fome de Farinha: deslocamento compulsório e insegurança alimentar em Alcântara. São Luiz: EDUFMA.
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. 1981. Plantar, Colher, Comer: um estudo sobre o campesinato goiano. Rio de Janeiro: Editora Graal.
BOURDIEU, P. 1993. Outline of a Theory of Practice. London: Cambridge Press.
CASTRO, E. J. 2010. “O estudo interdisciplinar dos conflitos pela água no meio urbano: uma contribuição da Sociologia”. In: A. Zhouri & K. Laschefski (orgs.). Desenvolvimento e conflitos ambientais. Belo Horizonte: Editora UFMG. pp. 176-201.
DIEGUES, A.C. 2009. “Água e cultura nas populações tradicionais brasileiras”. In: W. C. Ribeiro (org.). Governança da água no Brasil: uma visão interdisciplinar. São Paulo: Annablume.
DOUGLAS, Mary. 1976. Pureza e Perigo: ensaio sobre as noções de poluição e tabu. São Paulo: Editora Perspectiva.
GALIZONI, F.M. 2000. A Terra Construída: família, trabalho, ambiente e migrações no Alto Jequitinhonha, Minas Gerais. Dissertação de Mestrado em Antropologia Social, Universidade de São Paulo.
____________. & RIBEIRO, E. 2003. “Água, População Rural e Políticas de Gestão: o caso do Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais”. Ambiente e Sociedade, v. V, n. 2, pp. 129-146.
GALIZONI, Flavia et al. 2008. “Hierarquias de uso de águas nas estratégias de convívio com o semiárido em comunidades rurais do Alto Jequitinhonha”. Revista Econômica do Nordeste, Fortaleza, 39 (1). Disponível em: http://www.bnb.gov.br/projwebren/exec/ artigoRenPDF.aspx?cd_artigo_ren=1076 Acesso em: 27/07/2011.
GALIZONI, Flávia et al. 2009. Relatório Final do Colóquio Barragem de Irapé: um balanço das consequências sociais. Montes Claros, dezembro (mimeo).
HELLER, L.; OLIVEIRA, A.P.B.V. & REZENDE, S.C. 2010. “Políticas públicas de saneamento: por onde passam os conflitos?”. In: A. Zhouri & K. Laschefski (orgs.). Desenvolvimento e conflitos ambientais. Belo Horizonte: Ed UFMG. pp. 302-328.
INGOLD, Tim. 2005b. “The Temporality of the Landscape”. In. ___. The Perception of the Environment: essays in livelihood, dwelling and skill. New York: Routledge. pp. 189-208.
LASCHEFSKI, Klemens; ZHOURI, Andréa & SOUZA, João Valdir Alves (orgs.). 2011. Vale do Jequitinhonha: desenvolvimento e sustentabilidade. Belo Horizonte: PROEX/UFMG.
PORTO, Bruno & ALENCAR, Girleno. 2011. “Falta Água em Assentamento da CEMIG”. Jornal Hoje em Dia, 22/05/2011. Disponível em: http://www.hojeemdia.com.br/cmlink/ hoje-em-dia/falta-agua-em-assentamento-da-cemig-1.283495. Acesso em 27/07/2011.
PORTO-GONÇALVES, C.W. 2008. “Água não se nega a ninguém: a necessidade de ouvir outras vozes.” Observatório Latino-americano de Geopolítica. Disponível em: http:// www.geopolitica.ws/media_files/download/Wporto2.pdf. Acesso em: 06/05/2011.
ROCHA, Leo. 2008. Descoberta mega - reserva de minério no Vale do Jequitinhonha. Diário do Jequi, 26/08/2008. Disponível em: http://www.diariodojequi.com.br/index. php?news=270 Acesso em: 06/05/2011.
SCOTT, Parry. 2009. Negociações e Resistências Persistentes: agricultores e a barragem de Itaparica num contexto de descaso planejado. Recife: Editora UFPE.
SOUZA, J.V.A. 1997. “Luzes e sombras sobre a história e a cultura do Vale do Jequitinhonha”. In: G.R. Santos (org.). Trabalho, cultura e sociedade no norte/nordeste de Minas: considerações a partir das ciências sociais. Montes Claros/MG: Best Comunicação e Marketing.
____________. 2010. “Mineração e pecuária na definição do quadro sociocultural da região do Termo de Minas Novas”. In: ___ & M.S. Henriques (orgs.). Vale do Jequitinhonha: formação histórica, populações e movimentos. Belo Horizonte: UFMG/PROEX. pp. 25-70.
TOMAZ, Rafael. 2010. “Mineração deverá ter vida longa no Estado”. Diário do Comércio, 22/06/2010. Disponível em: http://www.diariodocomercio.net/index.php?id=70&cont eudoId=77282&edicaoId=760. Acesso em: 06/05/2011.
SPERLING, Eduardo von. s/d. PERÍCIA Processo 2006.38.13.012165-7, Classe: 7100Ação Civil Pública. Requerente: Ministério Público Federal; Réu: Companhia Energética de Minas Gerais ”“ CEMIG, fls. 1393-1414.
WANDERLEY, M.N. 1997. “Raízes Históricas do Campesinato Brasileiro”. Anais. II Encontro sobre a Questão Agrária nos Tabuleiros Costeiros de Sergipe ”“ A Agricultura Familiar em Debate, Aracaju, pp. 09-39.
WOLF, E. 1976. Sociedades Camponesas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editores.
WOORTMANN, Ellen. 1983. “O Sítio Camponês”. Anuário Antropológico, 81:164-203. Brasília: Editora Tempo Brasileiro.
____________. & WOORTMANN, Klaas. 1997. O Trabalho da Terra: a lógica e a simbólica da lavoura camponesa. Brasília: Editora da UnB.
ZHOURI, Andrea. & OLIVEIRA, Raquel. 2004. “Paisagens Industriais e Desterritorialização de Populações locais: conflitos socioambientais em projetos hidrelétricos“.Teoria&Sociedade, n. 12(2):10-28.
____________. 2010. “Quando o lugar resiste ao espaço“. In: A. Zhouri & K. Laschefski (orgs.). Desenvolvimento e Conflitos Ambientais. Belo Horizonte: Editora UFMG. pp. 439-462.
ZUCARELLI, Marcos. 2006. Estratégias de Viabilização Política da Usina de Irapé: o (des)cumprimento de normas e o ocultamento de conflitos no licenciamento ambiental de hidrelétricas. Dissertação de Mestrado em Sociologia, Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte.
____________. 2011. “O Papel dos Mecanismos Flexibilizantes no Licenciamento Ambiental da Usina Hidrelétrica de Irapé“. In: A. Zhouri (org.). As Tensões do Lugar. Hidrelétrica, Sujeitos e Licenciamento Ambiental. Belo Horizonte: Ed. UFMG (no prelo).

Downloads

Publicado

2018-02-21

Como Citar

Zhouri, Andréa, Raquel Oliveira, e Klemens Laschefski. 2018. “A supressão Da Vazante E O início Do Vazio: água E ‘insegurança administrada” No Vale Do Jequitinhonha ’“ MG”. Anuário Antropológico 36 (2):23-53. https://periodicos.unb.br/index.php/anuarioantropologico/article/view/6958.

Artigos Semelhantes

1 2 3 4 5 > >> 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.