Sociologia da ciência: realismo, idealismo e construtivismo

Autores

  • Vicente de Paula Gomes Departamento de, Federal do Piauí - UFPI

DOI:

https://doi.org/10.26512/rfmc.v1i2.12273

Palavras-chave:

Sociologia da Ciência, Idealismo, Realismo, Carga do elétron, Construtivismo

Resumo

A virada neopragmática, crítica avassaladora da função fundante dos saberes autodefendida pela filosofia, radical ao ponto de incluir a própria vertente analítica de onde se originou, é, inexoravelmente, a fronteira atual do conhecimento filosófico, o golpe do movimento neopragmático à filosofia e à razão; contudo, deve ser avaliado como positivo. Ele possibilitou o retorno à consciência das matrizes conceituais genuínas desse saber ao apontar as propostas de superação do impasse: naturalismo estrito (QUINE, 1969), naturalismo fraco (HABERMAS, 2004), idealismo objetivo (HÖSLE, 1987), contextualismo (RORTY, 1994). Contribuíram, inquestionavelmente, para esse desfecho, os estudos históricos e sociológicos da ciência pós-kuhnianos, inspirados em sua filosofia da ciência. Inserindo-se tangencialmente nesse debate, o objeto de reflexão deste estudo é contrapor o ponto de vista da sociologia da ciência ao realismo e ao idealismo. Nosso intuito é demonstrar que o construtivismo que caracteriza seu modelo de inquirição não nega, como ingênua ou maliciosamente entendem seus críticos, a função determinante da natureza na construção da ciência. A força do nosso argumento emergirá da análise realizada pelos expoentes do strong programme em sociologia da ciência, Barry Barnes, David Bloor e John Henry (1996), no livro “Scientific Knowledge: a sociological analysis”, de um estudo de caso controverso da história da física: os experimentos que o físico norte-americano Robert Millikan realizou para estabelecer a carga do elétron.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Vicente de Paula Gomes, Departamento de, Federal do Piauí - UFPI

Professor Adjunto da Universidade Federal do Piauí ”“ UFPI. Doutor em Filosofia pela UNICAMP, com tese sobre o princípio de causalidade em Sociologia da Ciência.

Referências

ASPDEN, H. The pointless electron.1997. Disponível em http://www.haroldaspden.com/research-notes/9709.htm: acessado em 15 jul. 2013.

BARNES, B.; BLOOR, D.; HENRY, J. Scientific Knowledge: a sociological analysis. Chicago: The University of Chicago Press, 1996.

DILTHEY, W. Teoria das concepções de mundo. Trad. Artur Morão. Lisboa: Edições 70, [19--].

FRANKLIN, A. The neglet of experiment. Cambrigde: Cambrigde University Press, 1989.

HAACK, S. Defending science: within reason: between scientism and cynicism. New York: Prometheus Books, 2003.

HABERMAS, J. Verdade e justificação. Trad. Milton Mota. São Paulo: Loyola, 2004.

HACKING, I. The social construction of what?Cambrigde and London: Harvard University Press, 2001.

HEMPEL, C. Filosofia da ciência natural.3. ed. Trad. Plínio S. Rocha.Rio de Janeiro: Zahar, 1981.

HENRY, J. A Revolução científica.Trad. Maria Luiza X. de A. Borges. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998.

HOLTON, G,“Subelectrons, presuppositions, and the Millithan-Ehrenhaft dispute”.In: HOLTON, G.The scientific imagination. Cambrigde: Cambrigde University Press, 1989. ch. 2.HÖSLE, V. “Begründungsfragen des objektiven idealismus”. In: KÖHLER, W.R.; KUHLMANN, W.; ROHS, P. (Ed.). Philosophie und begründung. Frankfurt am Main: Surkamp, 1987. p. 212”“267.

KANT, I. Crítica da razão pura.Trad. Manuela P. dos Santos e Alexandre F. Morujão. 2. ed. Lisboa: Calouste Gulbenkian, [19--].

KUHN, Thomas.A tensão essencial. Trad. Rui Pacheco. Lisboa: Edições 70, [19--].

KUHN, Thomas. A estrutura das revoluções científicas. 4. ed. Trad. Beatriz Vianna Boeira e Nelson Boeira. São Paulo: Perspectiva,1996.

KUKLA, A. Social constructivism and the philosophy of science.London and New York: Routledge, 2000.

PORTUGAL, P.J.S.C. Experiência de Millikan. Disponível em: http://profs.ccems.pt/PauloPortugal/PHYSICA/Millikan/millikan.htm: acessado em 15 jul. 2013.

QUINE, W. V. O. Ontological relativity and other essays.New York: Columbia University Press, 1969.

RORTY, R. A filosofia e o espelho da natureza.Trad. Antônio Trânsito. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 1994.

SOKAL, A. Imposturas intelectuais.Trad. Max Altman. 2. ed. Rio de Janeiro: Record, 2001.

WITTGENSTEIN, L. Investigações filosóficas.Trad. José Carlos Bruni. 3. ed. São Paulo: Abril Cultural; 1984. (Os Pensadores).

Downloads

Como Citar

GOMES, Vicente de Paula. Sociologia da ciência: realismo, idealismo e construtivismo. Revista de Filosofia Moderna e Contemporânea, [S. l.], v. 1, n. 2, p. 292–320, 2014. DOI: 10.26512/rfmc.v1i2.12273. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/fmc/article/view/12273. Acesso em: 18 abr. 2024.

Edição

Seção

Artigos