O Ensino de Filosofia como reconstrução de mundo despedaçado

Autores

DOI:

https://doi.org/10.26512/rfmc.v12i1.52552

Palavras-chave:

Filosofia. Ensino de Filosofia. Filosofia Africana. Maternidade.

Resumo

O objetivo deste artigo é repensar o Ensino de Filosofia como reconstrução de mundo despedaçado a partir de algumas discussões da Filosofia Africana. Este pensamento trata da importância de descolonizar, endogenizar, autoctonizar e recentrar a África e suas epistemologias no ensinar-aprender filosofia, área ainda ocupada pela ordem discursiva de homens, europeus, brancos e mortos. De modo a trazer a Filosofia Africana para o exercício do Ensino de Filosofia, este artigo contribui para a reabilitação e recuperação de memórias, de tradições vivas, de epistemes africanas, e na reconstrução de mundo despedaçado pelo processo de colonização/modernização. Foi precisamente esse raciocínio que colocou máscaras brancas no Currículo de Filosofia brasileiro, que precisa repensar seu modus operandi.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Aline Matos da Rocha, Universidade de Brasília

Doutora em Metafísica/Filosofia pela Universidade de Brasília - UnB, na linha de pesquisa Ontologias Contemporâneas (2023). Mestra em Filosofia pela Universidade Federal de Goiás - UFG, na linha de pesquisa Ética e Filosofia Política (2018). Especialista em Ensino de Filosofia pela Universidade Federal de Pelotas - UFPel (2024). Graduada em Filosofia com habilitação em licenciatura e bacharel pela Universidade de Brasília - UnB (2014/2015). Licenciada em Sociologia pelo Centro Universitário Internacional - UNINTER (2023). Desde a graduação, desenvolve pesquisas articulando conhecimentos das áreas de Filosofia, Filosofia Africana. Dentre os temas de investigação acadêmica, se interessa por Ensino de Filosofia; Filosofia Africana; Metafísica; Ontologias Contemporâneas; Ética e Filosofia Política; Filosofia da Educação; Educação das Relações Étnico-Raciais; Sociologia do Conhecimento; As interseções entre Raça, Gênero e Classe em interfaces com a Filosofia e Sociologia. Tem experiência no Ensino de Filosofia e se interessa pela relação entre Didática e o Ensino de Filosofia, a formação pedagógica de docentes de Filosofia, as recíprocas relações entre ensino-aprendizagem, e a importância da educação no processo de emancipação. Integra o Núcleo de Estudos de Filosofia Africana "Exu do Absurdo" da Universidade de Brasília (NEFA/UnB) na linha de pesquisa Filosofia Africana e Educação, e também integra o GT de Filosofia e Raça da Anpof (Associação Nacional de Pós-Graduação em Filosofia). Em 2024 sua tese de doutorado foi a vencedora do Prêmio CAPES de Tese na área de Filosofia. Em suma, é uma professora que assume o ensinar-aprender filosofia/filosofar, especialmente com outras formas de filosofia(s), a não ser as ocidentais, como temáticas das suas investigações filosóficas. Email: matosdarochaaline@gmail.com.

Referências

ACHEBE, Chinua. O mundo se despedaça. Tradução de Vera Queiroz da Costa e Silva. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.

ADICHIE, Chimamanda Ngozi. O perigo de uma história única. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.

AMADIUME, Ifi. Male Daughters, Female Husbands: Gender and Sex in an African Society. Londres: Zed Books, 2nd ed. 2015.

ANDRADE, Érico. Iremos derrubar as estátuas dos filósofos? Anpof Fórum de debates “Cânone – uma proposta de debate”. Disponível em: https://anpof.org.br/forum/canone--uma-proposta-de-debate/iremos-derrubar-as-estatuas-dos-filosofos2. Acesso em: 02 fev. 2024.

BENJAMIN, Walter. Sobre o conceito da história. In: BENJAMIN, Walter. Obras escolhidas vol. I: Magia e técnica, arte e política. Tradução de Sérgio Paulo Rouanet. 3ª ed. Editora Brasiliense, 1987, pp. 222-232.

BIDIMA, Jean-Godefroy. De la traversée: raconter des expériences, partager le sens. Rue Descartes, v. 36, n. 2, p. 7-18, 2002. DOI: https://doi.org/10.3917/rdes.036.0007.

CARNEIRO, Sueli. A construção do outro como não-ser como fundamento do ser. Tese (Doutorado em Filosofia da Educação). Programa de Pós-Graduação em Educação. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2005.

COETZEE, Azille. African feminism as decolonising force: a philosophical exploration of the work of Oyèrónké Oyěwùmí. Tese (Doutorado em Filosofia). Faculty of Arts and Social Sciences. Cidade do Cabo: Stellenbosch University, 2017.

FLOR DO NASCIMENTO, Wanderson. Filosofias Africanas. Entrevista concedida à Adilbênia Freire Machado e Luís Thiago Freire Dantas. Humanitas, São Paulo, v. 148, p. 18-29, 2021.

FLORIDI, Luciano. What is a Philosophical Question? Metaphilosophy, v. 44, n. 3, 2013. DOI: https://doi.org/10.1111/meta.12035.

GABRIEL, Alice. Materialidade, maternidade e outras matrizes. Tese (Doutorado em Filosofia). Programa de Pós-Graduação em Filosofia. Brasília: Universidade de Brasília, 2022. Disponível em: http://repositorio.unb.br/handle/10482/44500. Acesso em: 02 fev. 2024.

GELAMO, Rodrigo Pelloso. Prefácio. In: VELASCO, Patrícia Del Nero (Organizadora). Ensino - de qual? - Filosofia: ensaios a contrapelo. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2019, pp. 07-12.

GORDON, Lewis. Black Issues in Philosophy: The African Decolonial Thought of Oyèrónkẹ́ Oyěwùmí. Blog of the APA (American Philosophical Association), 2018. Disponível em: https://blog.apaonline.org/2018/03/23/black-issues-in-philosophy-the-africandecolonial-thought-of-oyeronke-oyewumi/. Acesso em: 23 jan. 2024.

HAMPÂTÉ BÂ, Amadou. A noção de pessoa na África negra. Tradução de Luiza Silva Porto Ramos e Kelvlin Ferreira Medeiros. In: DIETERLEN, Germaine (org.). La notion de personne en Afrique Noire. Paris: CNRS, 1981, pp. 181-192. Disponível em: https://filosofia-africana.weebly.com/uploads/1/3/2/1/13213792/amadou_hampat%C3%A9_b%C3%A2_-_a_no%C3%A7%C3%A3o_de_pessoa_na_%C3%A1frica_negra.pdf. Acesso em: 26 jan. 2024.

HAMPÂTÉ BÂ, Amadou. A tradição viva. In: KI-ZERBO, Joseph (Editor). História Geral da África I. Metodologia e Pré-história da África. 2ª ed. rev. Brasília: Unesco, 2010, pp. 167-212.

HAMPÂTÉ BÁ, Amadou. Amkoullel, o menino fula. Tradução de Xina Smith de Vasconcellos. 3ª ed. São Paulo: Palas Athena: Acervo África, 2013.

HOBSBAWM, Eric. Pessoas extraordinárias: resistência, rebelião e jazz. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.

LORDE, Audre. Sister Outsider: Essays and Speeches by Audre Lorde. Berkeley: The Crossing Press, 2007.

MIANO, Léonora. Contornos do dia que vem vindo. Tradução de Graziela Marcolin de Freitas. Rio de Janeiro: Pallas, 2009.

MIGNOLO, Walter. Colonialidade: o lado mais escuro da modernidade. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 32, n. 94, p. 01-18, 2017. DOI: https://doi.org/10.17666/329402/2017.

MILLS, Charles W. Blackness Visible: Essays on Philosophy and Race. Cornel University Press, 1998.

NAGEL, Thomas. Uma breve introdução à filosofia. Tradução de Silvana Vieira. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

NIETZSCHE, Friedrich. Sobre verdade e mentira. Tradução de Fernando de Moraes Barros. São Paulo: Hedra, 2008.

OLIVEIRA, Thiago. Breve ensaio sobre o problema do ensino de filosofia. Cadernos Nietzsche, v. 43, n. 3, p. 105-122, 2022. DOI: https://doi.org/10.1590/2316-82422022v4303to.

OYĚWÙMÍ, Oyèrónkẹ́. Abiyamo: Theorizing African Motherhood. JENdA: A Journal of Culture and African Women Studies, n. 4, 1999. Disponível em: https://www.africaknowledgeproject.org/index.php/jenda/article/view/79. Acesso em: 23 jan. 2024.

OYĚWÙMÍ, Oyèrónkẹ́ (edt.). African Gender Studies: A Reader. New York: Palgrave, 2005.

OYĚWÙMÍ, Oyèrónkẹ́ (edt). African Women and Feminism: Reflecting on the Politics of Sisterhood. Trenton (New Jersey): Africa World Press, 2003.

OYĚWÙMÍ, Oyèrónkẹ́. De-confounding Gender: Feminist Theorizing and Western Culture, a Comment on Hawkesworth’s “Confoundig Gender”. Signs: Journal of Women in Culture and Society, The University of Chicago, vol. 23, n. 4, 1998. DOI: https://doi.org/10.1086/495301.

OYĚWÙMÍ, Oyèrónkẹ́. The Invention of Women: Making an African Sense of Western Gender Discourses. Minneapolis: University of Minnesota Press, 1997.

OYĚWÙMÍ, Oyèrónkẹ́. ‘We gaan dood aan westerse overheersing’. Entrevista cedida a Anne Wijn. Trouw, Países Baixos, 2018. Disponível em: https://www.trouw.nl/religie-filosofie/we-gaan-dood-aan-westerse-overheersing~b7e450e0/. Acesso em: 2 fev. 2024.

RASPE, Rudolf Erich. As aventuras do barão de Münchhausen. São Paulo: Hemus, 1991.

ROCHA, Aline Matos da. Corpo-orí-idade: uma investigação filosófica sobre ontologia relacional no pensamento de Oyèrónkẹ́ Oyěwùmí. 2023. 173p. Tese (Doutorado em Metafísica) – Universidade de Brasília, Brasília, 2023. Disponível em: http://repositorio.unb.br/handle/10482/49454. Acesso em: 23 jan. 2024.

ROCHA, Aline Matos da. Oyèrónkẹ́ Oyěwùmí e as filosofias esc(r)utáveis da cosmologia e instituições socioculturais Oyó-Iorubás. Philósophos: Revista de Filosofia, v. 28, n. 2, p. 1-27, 2023. DOI: https://doi.org/10.5216/phi.v28i2.76986.

ROCHA, Aline Matos da. A EXCLUSÃO INTELECTUAL DO PENSAMENTO NEGRO. PÓLEMOS – Revista de Estudantes de Filosofia da Universidade de Brasília, v. 3, n. 5, p. 103–119, 2014. DOI: https://doi.org/10.26512/pl.v3i5.11587.

SEMLEY, Lorelle D. Mother is Gold, Father is Glass: Gender and Colonialism in a Yoruba Town. Bloomington: Indiana University Press, 2011.

VEIGA-NETO, Alfredo; RECH, Tatiana Luiza. Esquecer Foucault? Pro-Posições, Campinas, v. 25, n. 2, p. 67-82, 2014. DOI: https://doi.org/10.1590/S0103-73072014000200004.

VELASCO, Patrícia Del Nero (Organizadora). Ensino - de qual? - Filosofia: ensaios a contrapelo. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2019. DOI: https://doi.org/10.36311/2020.978-85-7249-063-4.

Downloads

Publicado

26-11-2024

Como Citar

DA ROCHA, Aline Matos. O Ensino de Filosofia como reconstrução de mundo despedaçado. Revista de Filosofia Moderna e Contemporânea, [S. l.], v. 12, n. 1, p. 17–34, 2024. DOI: 10.26512/rfmc.v12i1.52552. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/fmc/article/view/52552. Acesso em: 27 nov. 2024.