Desigualdades de gênero em tempo de trabalho pago e não pago no Brasil, 2013

Autores

Palavras-chave:

uso do tempo, trabalho doméstico, divisão sexual do trabalho

Resumo

Avalia-se a desigualdade de gênero no uso do tempo para trabalho no Brasil dividindo-se o tempo total de trabalho em trabalho pago (mercado) e não pago (doméstico) a partir de dados da Pnad 2013. Conclui-se que há muita desigualdade dentro do grupo dos homens bem como dentro do grupo das mulheres. A maior parte da desigualdade dentro desses grupos está associada à polarização entre trabalhar ou não. Os trabalhos femininos, pago e não pago, são os que mais contribuem para a desigualdade total na sociedade. O trabalho doméstico masculino não é frequente e por isso contribui pouco para a desigualdade. Os principais determinantes do diferencial de gênero na duração das jornadas de trabalho são a proporção de pessoas que fazem trabalho pago e a duração do trabalho não pago. A divisão sexual do trabalho não é caracterizada por um espelhamento de atividades e, por isso, as mulheres invariavelmente trabalham mais que os homens, mesmo quando as desigualdades dentro dos grupos são consideradas.

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Biografia do Autor

Marcelo Medeiros, Instituto de Pesquisa Economica Aplicada (Ipea)

Doutor pela Universidade de Brasília (UnB), realiza estudos no campo sobre a desigualdade social, tem formação em sociologia e economia, atualmente é visitante na Yale Law School. É também pesquisador do Ipea e professor na UnB, Brasília (DF), Brasil. 

Luana Simões Pinheiro, Universidade de Brasília (UnB)

Doutoranda em sociologia pela Universidade de Brasília (UnB), Brasília (DF), Brasil, é economista e mestre em sociologia pela mesma instituição. É também técnica de planejamento e pesquisa do Ipea. 

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Publicado

30-04-2018

Como Citar

Medeiros, M., & Pinheiro, L. S. (2018). Desigualdades de gênero em tempo de trabalho pago e não pago no Brasil, 2013. Sociedade E Estado, 33(01), 161–187. Recuperado de https://periodicos.unb.br/index.php/sociedade/article/view/18356

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