“A chuva que queremos não é de veneno!”: quebradeiras de coco babaçu e agricultores no combate ao racismo ambiental e na construção da Zona Livre de Agrotóxicos na microrregião do Médio Mearim, Maranhão

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33240/rba.v20i4.57546

Palavras-chave:

Racismo ambiental, Agrotóxicos, Quebradeiras de coco babaçu, justiça ambiental

Resumo

O presente artigo apresenta uma reflexão teórica e prática sobre a relação entre racismo ambiental e as estratégias de justiça ambiental empreendidas por organizações de quebradeiras de coco babaçu e agricultores, como a criação da Lei de Zona Livre de Agrotóxicos em Lago do Junco, estado do Maranhão, Amazônia Legal. Para esta discussão foram utilizados dados secundários sobre a raça da população obtidos pelo Censo 2022, do IBGE, nos municípios mapeados e atingidos pela pulverização aérea de agrotóxicos, a partir do levantamento da Rede de Agroecologia do Maranhão, além da utilização de dados primários a partir de observação participação e relatos etnográficos dos espaços de mobilização das organizações. A articulação dos dados demonstrou a situação de racismo ambiental com as zonas de sacrifício delimitadas e a desmobilização política das estratégias de resistência das organizações em busca de justiça ambiental.

Palavras-chave: Racismo ambiental; Agrotóxicos; Quebradeiras de coco babaçu; Justiça Ambiental.

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Biografia do Autor

Josilene Ferreira Mendes, Universidade Federal Rural da Amazônia

Docente da Universidade Federal Rural da Amazônia - UFRA. Doutora pelo Programa de Pós-graduação em Ciências Jurídicas/UFPB. Parauapebas, PA, Brasil. 

Áurea Alves de Sousa , Secretaria Estadual de Educação do Estado do Maranhão

Docente da Secretaria Estadual de Educação do Maranhão - SEDUC. Mestranda em Sustentabilidade junto a Povos e Comunidades Tradicionais, PPG-PCT UNB. Lago do Junco, MA, Brasil.

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Publicado

2025-11-01

Como Citar

Ferreira Mendes, J., & Alves de Sousa , Áurea. (2025). “A chuva que queremos não é de veneno!”: quebradeiras de coco babaçu e agricultores no combate ao racismo ambiental e na construção da Zona Livre de Agrotóxicos na microrregião do Médio Mearim, Maranhão. Revista Brasileira De Agroecologia, 20(4), 521–546. https://doi.org/10.33240/rba.v20i4.57546

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