A Igreja na constituição de uma rede urbana do Brasil setecentista
DOI:
https://doi.org/10.26512/patryter.v5i10.39694Palavras-chave:
Século XVIII. Recôncavo Baiano. geografia histórica. povoados. caminhos.Resumo
O entendimento das complexas e assimétricas relações de poder que se dão entre os agentes produtores do espaço permite identificar intencionalidades e se distanciar de uma perspectiva naturalizada da dinâmica de ocupação e uso dos territórios. Nesse artigo, a partir dessa premissa fundamental aos estudos de Geografia Histórica, objetiva-se analisar o papel da Igreja como agente hegemônico nas relações de produção do espaço no Brasil colonial. A partir do Recôncavo Baiano setecentista (entorno de Salvador, capital colonial até 1763), à luz de pesquisa primária em arquivos brasileiros e portugueses, relacionam-se sete imbricadas funções assumidas pela Igreja (Regular, Secular e Ordens leigas) na constituição daquela rede regional que articulava cidade e vilas interiores. Como resultado, é apresentado um cartograma que sobrepõe as unidades edificadas pela Igreja (matrizes e capelas), os núcleos de povoamento e os caminhos (terrestres e fluviomarítimos) que cruzavam a região.
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