O Plano Piloto de Paragominas e a (re)construção dos equívocos de autoria
DOI:
https://doi.org/10.18830/1679-09442024v17e54098Palavras-chave:
Paragominas, Cidade Nova, Amazônia, Desenvolvimentismo, UrbanismoResumo
Na Amazônia Legal, o processo de urbanização e a ação desenvolvimentista do Governo Federal sempre caminharam pari passu, desafiando os limites de resiliência dos homens e das mulheres da região, bem como a capacidade de sobrevivência da floresta tropical. As políticas associadas ao desenvolvimentismo brasileira transformam os “sertões” da Amazônia em espaço aberto para ações de colonização dirigida, sobretudo a partir dos anos de 1960. Para as pretensões deste artigo, buscamos investigar os anos iniciais de formação de Paragominas como uma Cidade Nova na Rodovia Belém-Brasília, procurando entender especialmente o contexto de elaboração do Plano Piloto da cidade. Neste artigo, buscamos retificar um equívoco quanto à autoria do Plano Diretor de Paragominas, reafirmando o papel do engenheiro Joffre Mozart Parada como autor do projeto. Ao mesmo tempo, entendemos que os equívocos referentes à autoria do Plano, que constam na historiografia da cidade, não são casuais e podem ser vistos como reflexos de uma condição de utopia de cidade moderna de Paragominas e da atuação modernizadora do “inferno verde” amazônico.
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