Histórias das casas das avós

lembranças e materialidades nas Villas e Casas de Catálogo em Pelotas, RS, Brasil

Autores

  • Franciele Fraga Pereira Universidade Federal de Pelotas; Faculdade de Arquitetura e Urbanismo; Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo https://orcid.org/0000-0002-8615-3440
  • Louise Prado Alfonso Universidade Federal de Pelotas; Instituto de Ciências Humanas; Programa de Pós-Graduação em Antropologia; Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo https://orcid.org/0000-0001-8602-326X
  • Aline Montagna da Silveira Universidade Federal de Pelotas; Faculdade de Arquitetura e Urbanismo; Programa de Pós Graduação em Arquitetura e Urbanismo https://orcid.org/0000-0002-9723-7746

DOI:

https://doi.org/10.18830/1679-09442024v17e53593

Palavras-chave:

Patrimônio arquitetônico, Patrimônio imaterial, Villas e Casas de Catálogo, Avós, Família, Pelotas-RS

Resumo

As Villas e Casas de Catálogo, em Pelotas, RS, Brasil, tratam-se de um tipo arquitetônico residencial do início do século XX. Os remanescentes arquitetônicos ainda presentes na cidade são, em grande parte, reconhecidos por sua comunidade envolvente como bens importantes para identidade local. Mesmo com esse reconhecimento, a maior parte dessas edificações ainda não conta com instrumentos legais de proteção patrimonial, contra possíveis demolições ou descaracterizações. Suas características peculiares e sua iminente fragilidade, frente à especulação imobiliária e possíveis transformações que descaracterizariam os imóveis, motivaram o estudo e registro desses bens. A realização de entrevistas através de roteiros semiestruturados, a partir do contato com moradoras e moradores, presencialmente e em formato remoto, possibilitou entender como era e como ainda é habitar esses espaços, demonstrando a indissociabilidade entre a materialidade e os vínculos das pessoas com essas residências. Dentre as entrevistadas, os relatos de um grupo especial tomaram destaque, as avós. As falas dessas interlocutoras sobre suas residências fazem frequentemente relações com suas histórias de vida e trajetórias familiares. Dessa forma, possibilitam uma conexão irrefutável entre suas lembranças, sentimentos e a materialidade dessas residências.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Franciele Fraga Pereira, Universidade Federal de Pelotas; Faculdade de Arquitetura e Urbanismo; Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo

Arquiteta e Urbanista formada pela Universidade Federal de Pelotas (2019), Mestre em Arquitetura e Urbanismo pelo Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo - PROGRAU/UFPel na linha de pesquisa de Teoria, História, Patrimônio e Crítica (2021). Foi professora substituta do Curso Técnico em Edificações, Campus Avançado Jaguarão-RS, do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia Sul-rio-grandense (2020-2022). Licenciada com habilitação em Arquitetura e Urbanismo através do Curso de Formação Pedagógica para Graduados não Licenciados - IFSul Campus Pelotas (2023). Atualmente é discente do curso de Especialização em Conservação e Restauração do Patrimônio Cultural Edificado, ministrado pela Fundação Joaquim Nabuco (2022-atual) e professora substituta da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFPel (2023-atual). Pesquisadora colaboradora do Núcleo de Estudos de Arquitetura Brasileira NEAB da FAUrb/UFPel. Desenvolve pesquisas voltadas ao tema da arquitetura em Pelotas-RS no início do século XX. 

Louise Prado Alfonso, Universidade Federal de Pelotas; Instituto de Ciências Humanas; Programa de Pós-Graduação em Antropologia; Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo

Possui Doutorado em Arqueologia pelo Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo - USP, Mestrado em Antropologia Social pela Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP e Bacharelado em Turismo pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas. Realizou Estágio de Pós-Doutorado no Programa de Pós-Graduação em Antropologia da Universidade Federal de Pelotas (PPGAnt/UFPel) e no Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal da Bahia (PPGAU/UFBA). Professora do Departamento de Antropologia e Arqueologia (DAA), do Programa de Pós-Graduação em Antropologia da Universidade Federal de Pelotas (PPGAnt/UFPEL), do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Pelotas (PROGRAU/UFPEL) e professora do Curso de Especialização em Assistência Técnica, Habitação e Direito à Cidade da Universidade Federal da Bahia (RAU+E/UFBA). Coordena projetos de extensão vinculados ao projeto de pesquisa Margens: grupos em processos de exclusão e suas formas de habitar as cidades.

Aline Montagna da Silveira, Universidade Federal de Pelotas; Faculdade de Arquitetura e Urbanismo; Programa de Pós Graduação em Arquitetura e Urbanismo

Aline Montagna da Silveira é Arquiteta e Urbanista (FAUrb/UFPel), Mestre em Educação (FaE/UFPel) e Doutora em Arquitetura e Urbanismo (FAUUSP). É professora dos cursos de graduação e pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Coordena o Núcleo de Estudos de Arquitetura Brasileira (NEAB), da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAUrb/UFPel). Desenvolve projetos de ensino, pesquisa e extensão voltados à preservação do patrimônio cultural das cidades da região Sul do Rio Grande do Sul - Brasil.

Referências

BOSI, Ecléa. Memória e sociedade: lembranças de velhos. São Paulo: T. A. Queiroz Editor LTDA, 1979.

BOSI, Ecléa. Memória da cidade: lembranças paulistanas. Estudos Avançados, São Paulo, v. 17, n. 47, p. 198–211, 2003. DOI: https://doi.org/10.1590/S0103-40142003000100012. Acesso em: 19 dez. 2024.

BRASIL. Decreto-Lei no 25, de 30 de novembro de 1937. Organiza a proteção do patrimônio histórico e artístico nacional. 1937. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del0025.htm. Acesso em: 22 jun. 2022.

GILL, Lorena Almeida. A cidade de Pelotas (RS) e as suas epidemias (1890-1930). História em Revista – Revista do Núcleo de Documentação Histórica, [S. l.], v. 11, p. 191–210, 2005. DOI: https://doi.org/10.15210/hr.v11i11.11596. Acesso em: 19 dez. 2024.

GUTIERREZ, Ester J. B. Barro e sangue: mão-de-obra, arquitetura e urbanismo em Pelotas 1777-1888. 1999. 550 f. Tese (Doutorado em História do Brasil) – Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 1999.

HOMEM, Maria Cecília Naclério. O palacete paulistano e outras formas urbanas de morar da elite cafeeira: 1867-1918. São Paulo: Martins Fontes, 1996.

IBGE. Pelotas (RS) | Cidades e Estados | IBGE. [S. l.], 2022. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/cidades-e-estados/rs/pelotas.html. Acesso em: 14 jun. 2022.

INGOLD, Tim. Trazendo as coisas de volta à vida: emaranhados criativos num mundo de materiais. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, p. 25-44, 2012. DOI: https://doi.org/10.1590/S0104-71832012000100002. Acesso em: 19 dez. 2024.

IPHAN. Conjunto Histórico de Pelotas/RS. Súmula do Processo de Tombamento no 1512-T-03. [S. l.: s. n.], 2018.

LINS DE BARROS, Myriam. Autoridade e afeto: avós, filhos e netos na família brasileira. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1987.

MAGALHÃES, Mario Osório. Opulência e cultura na Província de São Pedro do Rio Grande do Sul: um estudo sobre a história de Pelotas (1860-1890). 1993. 257 f. Dissertação (Mestrado em História) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 1993.

MALUF, Marina; MOTT, Maria Lúcia. Recônditos do mundo feminino. In: NOVAIS, Fernando A.; SEVCENKO, Nicolau (org.). História da vida privada no Brasil, 3 – República: da Belle Époque à Era do Rádio. São Paulo: Companhia das Letras, 1998. (3). p. 367–421.

MOTTA, Lia; REZENDE, Maria Beatriz. Inventário. In: GRIECO, Bettina; TEIXEIRA, Luciano; THOMPSON, Analucia (org.). Dicionário IPHAN de Patrimônio Cultural. 2 ed. rev. e ampl. Rio de Janeiro, Brasília: IPHAN/DAF/Copedoc, 2016. p. 1–39. Disponível em: http://portal.iphan.gov.br/dicionarioPatrimonioCultural/detalhes/64/inventario. Acesso em: 11 jul. 2021.

OLIVEIRA, Ana Lúcia Costa de; SILVEIRA, Aline Montagna da. A preservação patrimonial em Pelotas: um olhar sobre a sua trajetória (1955-2014). In: RUBIRA, Luís (org.). Almanaque do bicentenário de Pelotas. Pelotas: Editora João Eduardo Keiber, 2014. v. 3, p. 577–591.

PELOTAS. GeoPelotas. 2022. Disponível em: https://geopelotas-pmpel.hub.arcgis.com/. Acesso em: 23 ago. 2024.

PELOTAS. Lei no 4.568 de 2000. Lei Ordinária 4568 2000 Pelotas RS – DECLARA ÁREA DA CIDADE COMO ZONAS DE PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL DE PELOTAS – ZPPCS – LISTA SEUS BENS INTEGRANTES E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS. 2000. Disponível em: https://leismunicipais.com.br/a/rs/p/pelotas/lei-ordinaria/2000/456/4568/lei-ordinaria-n-4568-2000-declara-area-da-cidade-como-zonas-de-preservacao-do-patrimonio-cultural-de-pelotas-zppcs-lista-seus-bens-integrantes-e-da-outras-providencias-2000-07-07. Acesso em: 22 jun. 2022.

PELOTAS. Lei no 6.178 de 2014. Dispõe sobre o Imposto de Propriedade Territorial e Urbana – IPTU, e dá outras providências. 3 dez. 2014. Disponível em: https://leismunicipais.com.br/a/rs/p/pelotas/lei-ordinaria/2014/617/6178/lei-ordinaria-n-6178-2014-dispoe-sobre-o-imposto-de-propriedade-territorial-e-urbana-iptu-e-da-outras-providencias. Acesso em: 22 jun. 2022.

PELOTAS. Plano Diretor Municipal de Pelotas. Institui o plano diretor municipal e estabelece as diretrizes e proposições de ordenamento e desenvolvimento territorial no município de Pelotas, e dá outras providências. 11 set. 2008. Disponível em: http://leismunicipa.is/gicsd. Acesso em: 9 set. 2020.

PEREIRA, Franciele Fraga. A arquitetura feminina: o cotidiano e os ambientes residenciais nas Villas e Casas de Catálogo em Pelotas-RS. 2021. 180 f. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) – Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2021. Disponível em: http://guaiaca.ufpel.edu.br:8080/handle/prefix/9266. Acesso em: 7 abr. 2022.

PEREIRA COSTA, Staël de Alvarenga; GIMMLER NETTO, Maria Manoela. Fundamentos de morfologia urbana. Belo Horizonte: C/Arte, 2015.

RABELLO, Sonia. O tombamento. In: REZENDE, Maria Beatriz et al. (org.). Dicionário IPHAN de Patrimônio Cultural. 1. ed. Rio de Janeiro, Brasília: IPHAN/DAF/Copedoc, 2015. Disponível em: http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/Tombamento%20pdf(1).pdf. Acesso em: 20 jun. 2022.

SANTOS, Carlos Alberto Ávila. Ecletismo em Pelotas: 1870-1930. Pelotas: Editora Universitária UFPel, 2014.

SCHETTINO, Patrícia Thomé Junqueira. A mulher e a casa: estudo sobre a relação entre as transformações da arquitetura residencial e a evolução do papel feminino na sociedade carioca no final do século XIX e início do século XX. 2012. 322 f. Tese (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo) – Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2012. Disponível em: http://hdl.handle.net/1843/BUOS-96NJP8. Acesso em: 19 dez. 2024.

SCHLEE, Andrey Rosenthal. O ecletismo na arquitetura pelotense até as décadas de 30 e 40. 1993. 215 f. Dissertação (Mestrado em Arquitetura) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 1993.

SILVA, Valentina de Farias Betemps da; SILVEIRA, Aline Montagna da; PEREIRA, Franciele Fraga. Villas e Casas de Catálogo no sítio do Primeiro Loteamento de Pelotas-RS: relações entre tipologia arquitetônica e morfologia urbana. Revista de Morfologia Urbana, v. 9, n. 1, p. 1–16, 2021. DOI: https://doi.org/10.47235/rmu.v9i1.181. Acesso em: 19 dez. 2024.

SMITH, Laurajane. Uses of heritage. Nova Iorque: Routledge, 2006.

SOARES. Sistema de Documentação do Patrimônio Cultural Brasileiro. ÁGORA: Arquivologia em Debate, [S. l.], n. 6, p. 34–39, 2011. Disponível em: https://agora.emnuvens.com.br/ra/article/view/322. Acesso em: 19 dez. 2024.

VELHO, Gilberto. Individualismo e cultura: notas para uma Antropologia da Sociedade Contemporânea. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1981.

Publicado

23-12-2024

Como Citar

Pereira, F. F., Alfonso, L. P., & Silveira, A. M. da. (2024). Histórias das casas das avós: lembranças e materialidades nas Villas e Casas de Catálogo em Pelotas, RS, Brasil. Paranoá, 17, e53593. https://doi.org/10.18830/1679-09442024v17e53593

Edição

Seção

Teoria, História e Crítica

Artigos Semelhantes

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 > >> 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.