Da Sete de Setembro ao Dois de Julho:
terra, vida e memória cabocla no centro de Salvador
DOI:
https://doi.org/10.18830/issn.1679-0944.n33.2022.04%20%20%20Palavras-chave:
Salvador, Dois de Julho, cabocla, ruína, quilomboResumo
No início do século XX, símbolos do patriotismo republicano eram alçados a monumentos, reformando-carimbando os centros urbanos, como fez a Avenida Sete de Setembro soteropolitana, em sua abertura e toponímia. Mas o que tais investidas do poder dominante tentaram omitir? A chegada da modernidade às cidades brasileiras empurrou a população negra para as margens dos espaços [monumentalizados-espetacularizados] agora destinado às elites. No entanto, tais sujeitos se viram impelidos seja a aquilombar-se nas margens de tais monumentos, seja a profaná-los com seus próprios rituais cotidianos. Ambos os movimentos encontraram nas ruínas – físicas e simbólicas – as condições de possibilidade para [re]produzir esses modos de existência na cidade. A fim de compreender como tais processos lidam com as investidas atuais dos poderes hegemônicos [público e privado], invocamos aqui o Dois de Julho, bairro que tangencia a Avenida Sete e homenageia, em sua toponímia, a data comemorativa da independência do Brasil na Bahia. Buscamos, no território, a presença cabocla daquelas pessoas que atuaram na linha de frente da guerra da independência, mas sobretudo daquelas que batalham todos os dias pelo direito à permanência no lugar com o qual constituíram vida e sustento.
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