Arquivos, crítica e política

apontamentos para interpretar silêncios

Autores

DOI:

https://doi.org/10.18830/1679-09442024v17e41201

Palavras-chave:

Crítica, Arquitetura, Arquivos

Resumo

O que se herda quando há um compromisso coletivo com o esquecimento? Esta é a pergunta que abre este ensaio que trata da institucionalização (ou não) de arquivos de críticos de arte que se dedicaram a arquitetura durante a década de 1950. A hipótese explorada é que esses processos trazem as marcas da ditadura civil militar que se instalou no Brasil entre as décadas de 1960 e 1980, e do processo de anistia. Concentrado no estudo das coleções pessoais de Mário Pedrosa, Mário Barata e Quirino Campofiorito, este texto analisa os diferentes processos que incidiram na entrada da documentação e dos livros desses três críticos em arquivos, museus e bibliotecas. Enquanto abordagem, o ensaio toma um caminho pouco usual: parte de reflexões da obra do filósofo Paul Ricoeur em que o autor aborda as relações entre esquecimento, anistia e luto. Em seu desenvolvimento, o texto também se apoia em questões suscitadas por um livro de literatura – Antes de Nascer o Mundo, do autor moçambicano Mia Couto –, sobretudo, no que se pode depreender da ação da sua personagem principal, o “afinador de silêncios”.

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Biografia do Autor

Priscilla Alves Peixoto, Universidade Federal do Rio de Janeiro; Faculdade de Arquitetura e Urbanismo; Programa de Pós-Graduação em Arquitetura

Graduada em Arquitetura e Urbanismo pela FAU-UFRJ (2007); especialista em História da Arte e da Arquitetura no Brasil pela PUC-Rio (2012); mestre e doutora em Urbanismo pelo PROURB-FAU-UFRJ (2013; 2018). Fez estágio doutoral na École nationale supérieure d’architecture Paris-Belleville (2016). Atua como Professora Adjunta (DE) do Setor de Arquitetura no Brasil do Departamento de História e Teoria da FAU-UFRJ (desde 2018) e é professora colaboradora no PROARQ-UFRJ (desde 2021). Integra os grupos cadastrados no CNPq: Laboratório de Narrativas Arquitetônicas do PROARQ/UFRJ (desde 2020) e o "Arquivos, fontes e narrativas: entre cidade, arquitetura e design" da FAUUSP (desde 2020). É autora de capítulos de livro e artigos publicados nas áreas de história do urbanismo e da arquitetura, com ênfase em historiografia, biografias intelectuais, acervos e história da crítica.

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Publicado

04-12-2024

Como Citar

Peixoto, P. A. (2024). Arquivos, crítica e política: apontamentos para interpretar silêncios. Paranoá, 17, e41201. https://doi.org/10.18830/1679-09442024v17e41201

Edição

Seção

Teoria, História e Crítica

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