Arquivos, crítica e política
apontamentos para interpretar silêncios
DOI:
https://doi.org/10.18830/1679-09442024v17e41201Palavras-chave:
Crítica, Arquitetura, ArquivosResumo
O que se herda quando há um compromisso coletivo com o esquecimento? Esta é a pergunta que abre este ensaio que trata da institucionalização (ou não) de arquivos de críticos de arte que se dedicaram a arquitetura durante a década de 1950. A hipótese explorada é que esses processos trazem as marcas da ditadura civil militar que se instalou no Brasil entre as décadas de 1960 e 1980, e do processo de anistia. Concentrado no estudo das coleções pessoais de Mário Pedrosa, Mário Barata e Quirino Campofiorito, este texto analisa os diferentes processos que incidiram na entrada da documentação e dos livros desses três críticos em arquivos, museus e bibliotecas. Enquanto abordagem, o ensaio toma um caminho pouco usual: parte de reflexões da obra do filósofo Paul Ricoeur em que o autor aborda as relações entre esquecimento, anistia e luto. Em seu desenvolvimento, o texto também se apoia em questões suscitadas por um livro de literatura – Antes de Nascer o Mundo, do autor moçambicano Mia Couto –, sobretudo, no que se pode depreender da ação da sua personagem principal, o “afinador de silêncios”.
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