Relações de escala na superquadra de Brasília
Paradigma ou mistificação?
DOI:
https://doi.org/10.18830/issn.1679-0944.n25.2020.08Palavras-chave:
Brasília (DF), Urbanismo modernista, Unidade de vizinhança, Morfologia urbanaResumo
As superquadras que caracterizam a malha urbana de Brasília são definidas por Lucio Costa, a posteriori, como a “escala residencial” da cidade: um jogo de palavras que obscurece o entendimento de como se estrutura o tecido residencial da capital. Visando a perceber com maior clareza as relações de escala ”” no sentido convencional, isto é, geométrico, da palavra ”” na superquadra, abordam-se inicialmente as contradições inerentes à abstração espacial e discursiva no modernismo. Em seguida, analisam-se as relações de escala na área residencial de Brasília em três níveis sucessivos: as articulações de escala da unidade de vizinhança, os elementos de composição espacial na superquadra, e o papel dos edifícios na concretização das escalas e espacialidades peculiares ao urbanismo desta cidade. A cada passo, observa-se como as categorias interpretativas avançadas por diversos estudiosos de Brasília e da arquitetura moderna se articulam, nos seus esclarecimentos e contradições, com a abstração e ambiguidade espacial da superquadra. O conjunto assim indissociável de espaços e discursos sustenta o paradigma do habitar moderno, ao preço, porém, de se erigir um sistema de mistificações conceituais.
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