A invenção dos quadrinhos autorais: uma breve história da arte da segunda metade do século XX
DOI:
https://doi.org/10.26512/hh.v4i7.10924Palavras-chave:
Autoria, Quadrinhos, InvençãoResumo
É preciso estabelecer a diferença entre o autor de quadrinhos e a genericamente denominada “história em quadrinhos autoral”, de modo a recuperar desta o traço de sua invenção, sua forja histórica. Costumeiramente é demarcada a invenção dos quadrinhos autorais nos anos 1960, sobretudo pela cultura dos comix. Contudo, o que este artigo se propõe é mostrar que havia um processo maior e mais complexo em curso. Sem dúvida, os anos 1960 foram um tempo propício para o surgimento discursivo das HQs autorais, afinal, a autoria ocupava um lugar privilegiado nas disputas da teoria literária e cinematográfica. Porém, desde os anos 1950, o mundo dos quadrinhos já assistia a mudanças significativas, fosse pelas editoras atribuindo um valor autoral por vezes hiperbolizado à s revistas em quadrinhos, fosse o público leitor por meio de fanzines produzindo um “reconhecimento”, fosse os próprios quadrinistas de grandes jornais em busca de um traço caligráfico. Esse percurso faria os quadrinhos autorais cindirem em três frentes na segunda metade do século, a saber, uma frente transgressiva que repudia a aceitação cultural, mas por ela se valida, uma frente aristocrática que afirma sua artisticidade sem fazer qualquer demanda, e uma frente literária que exige das histórias em quadrinhos a qualidade quase substitutiva de literatura. Não por acaso esse processo chegará, ao fim do século, articulado na substancial produção de autobiografias em quadrinhos, reagrupando essas três frentes e fazendo dos quadrinhos autorais o que deles hoje entendemos.
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