A teologia de Marx explicada às crianças

Autori

  • José Crisóstomo de Souza Universidade Federal da Bahia - UFBA

DOI:

https://doi.org/10.26512/rfmc.v5i2.12603

Parole chiave:

Cristianismo, Alienação, Tradução (da teologia em antropologia), Essência humana genérica

Abstract

A doutrina de Marx pode ser entendida como uma sobreposição de quatro camadas de pensamento. 1) Um interessante, embrionário, materialismo prático, secularizado, moderno, que demanda recuperação e desenvolvimento em nossos dias em diálogo com aquisições da filosofia prática contemporânea. 2) Um materialismo histórico, lamentavelmente esquemático, dualista, determinista, cripto-normativo, com todo jeito de filosofia idealista da história, do qual sua crítica do capitalismo, luta de classes etc., é o capitulo decisivo -  um materialismo que poderia ter sido uma melhor conversão de Hegel para fora do idealismo e da metafísica. 3) Um humanismo especulativo, do ser-genérico, que assume a critica feuerbachiana do cristianismo como seu pressuposto/fundamento, junto como o próprio cristianismo (especulativa, feuerbachianamente traduzido), e que toma como medida e telos a plena reunificação da sociedade como verdadeiro corpo político. Esse humanismo, para desespero dos que percebem sua debilidade, v.g. Althusser, nunca é abandonado por Marx nem pelos marxistas tradicionais, embora seja desenvolvido por Marx, na crítica da economia politica, como “determinação pelo nível essencial”, efetivamente social, mascarada, por trás de uma “aparência real” onde toda liberdade e particularidade é ilusão. Aqui nos ocuparemos principalmente do ponto três.

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Biografia autore

José Crisóstomo de Souza, Universidade Federal da Bahia - UFBA

Grad. em Filosofia, UFBA, Doutor em Filosofia Política, Unicamp, pós-douts. em Fil. Contemp. (1993-95), UC-Berkeley, e New School (2014-15), ambos com bolsa CAPES, prof. titular do Depto de Filosofia do Programa de Pós-Grad. em Fil. Contemporânea., UFBA, Coordenador do Grupo de Pesquisa Poética Pragmática e do Centro de Estudos Dewey e Pragmatismo. Principais áreas de interesse: filosofia contemporânea e pragmatismo, hegelianismo e Marx, filosofia política, teoria social e democracia. A partir de um acúmulo de estudos nessas áreas, tenho buscado articular um ponto de vista filosófico próprio (ao mesmo tempo os contornos de um campo de investigação) que denomino provisoriamente de materialismo prático-poiético, tendo como horizonte uma consideração da filosofia como coisa civil'. Sobre isso, ver publicações, ver o grupo de pesquisa no diretório do CNPQ, a página www.jcrisostomodesouza. ufba.br, também a página no Facebook, o blog do Poética em www.poeticapragmatica.blogspot.com, e o blog do Centro Dewey em http://deweypragmatismo.wordpress.com. Escolhi estudar os jovens hegelianos em 1982, por entender, como Habermas depois, que somos filosoficamente seus contemporâneos. Participo do entendimento, dele, de Rorty e outros, de que parte do pragmatismo pode ser compreendida - e para mim desenvolvida - como vertente daquele hegelianismo e uma versão democrática e poiética de filosofia da praxis. Proponho que esse 'pragmatismo' (em sentido muito amplo), pode ser considerado como um terreno para onde convergem, de vários lados, importantes desenvolvimentos filosóficos dos mais notáveis do nosso tempo, onde floresce uma elaboração filosófica viva, coletiva, um verdadeiro work in progress, do qual é possível e relevante participar a partir de uma elaboração brasileira. Boa parte do que se chama hoje de filosofia pós-metafísica coincide com o que denominamos aqui amplamente de pragmatismo, que inclui autores como Dewey, Putman, Habermas, Rorty, Unger, Bernstein e outros. Foi nesse espírito que estudamos e publicamos os debates entre alguns deles, entendendo, entretanto, que seus representantes perdem de vista elementos a serem resgatados de 'filósofos práticos' anteriores (v.g. Pierce, Nietzsche, Marx, Feuerbach, Hegel). Diante disso desenvolvemos um projeto de pesquisa no qual essa perspectiva geral, que caracterizamos de virada prático-histórica, destranscendentalizante, da filosofia, pode ser testada e elaborada no rumo do esboço de uma alternativa pragmatista própria, nacionalmente referida. Foi em associação a esse esforço que no início de 2013 criamos na FFCH/UFBA o Centro Dewey, que integra rede internacional de centros semelhantes (na Alemanha, Japão, Espanha, Turquia, Polônia, EUA, etc.), com um conselho consultivo formado por conhecidos pesquisadores pragmatistas, neo-pragmatistas, hegelianos e outros, de diferentes países. Atividades ligadas ao Centro têm sustentado um intercâmbio com professores pesquisadores do Brasil e do exterior, com trabalhos nessa área, entre os quais Cristina di Gregori, Horacio Mercau, J.-P. Cometti, Goyo Pappas, Larry Hickman, André Berten e Richard Bernstein. A realização do XVII Congr. da Sociedade Interamericana de Filosofia, em Salvador, em out. 2013, permitiu-nos realizar simultaneamente nosso primeiro colóquio internacional, de `pragmatismo e filosofia contemporânea`, com a maioria dos nomes mencionados e mais Chris Voparil, Ken Stikkers, Ivo Ibri, D. Moggach, Paul Thomas e outros. O desenvolvimento dessa linha de trabalho iniciado com bolsa pos-dout. CAPES 2014/15, tem conduzido mais recentemente à formulação de um 'materialismo prático poiético', que em 2016 pude discutir no V Colóquio Internac. de Fil. do Conhecimento (sobre criação e inovação), na Univ. de La Plata, Arg. Passos dessa elaboração apareceram publicados em Cognitio (S.P.), sob o título de`Teses ad Marx` (uma correção pragmatista de Marx) e `O Mundo Bem Nosso` (por um anti-representacionismo pratico-sensível, poiético).

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Pubblicato

2018-08-10

Come citare

SOUZA, José Crisóstomo de. A teologia de Marx explicada às crianças. Revista de Filosofia Moderna e Contemporânea, [S. l.], v. 5, n. 2, p. 193–234, 2018. DOI: 10.26512/rfmc.v5i2.12603. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/fmc/article/view/12603. Acesso em: 21 nov. 2024.