Modernidade e racismo na construção da nação brasileira

aproximações entre Denise Ferreira da Silva e Lima Barreto

Autores

DOI:

https://doi.org/10.26512/rfmc.v12i1.52555

Palavras-chave:

Lima Barreto. Denise Ferreira da Silva. Nacionalidade. Racismo. Patriarcado.

Resumo

Este texto parte da perspectiva apresentada por Denise Ferreira da Silva na obra “Homo Modernus – para uma ideia global de raça”. Ao longo da obra a autora tece as maneiras pelas quais os dois principais descritores ontoepistemológico da modernidade, universalidade e historicidade, autorizam a instauração de um texto nacional brasileiro que, a despeito de uma aparência democrática, lança vidas negras ao extermínio ou ao engolfamento. A missigenação passa a ser valorizada pois alimenta-se apenas de fragmentos de culturas “primitivas” a serem sintetizadas por uma futura nação purificada. Purificação viabilizada, segundo Freyre, por uma peculiaridade do desejo sexual do homem português. Este texto aposta que este diagnóstico nos permite revisitar e recolocar algumas questões elaboradas por Lima Barreto ao longo de sua carreira, observada desde seu ímpeto produtivo de juventude que prometia escrever “a História da escravidão negra no Brasil e sua influência na nossa nacionalidade”.

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Biografia do Autor

Joaquim Barbosa dos Santos Júnior, Universidade de Brasília

Concluí em 2018 graduação em Direito pelo Universidade de Brasília (UnB), com a apresentação da monografia intitulada como "Os direitos autorais entre os impérios da comunicação Sociedade em rede, propriedade intelectual e Hip-Hop", derivada de pesquisas feitas na área e da experiência em extensão e Hip-Hop vinculada à Batalha da Escada (BDE), projeto de extensão da UnB. Participei do Programa de Iniciação Científica, pesquisando "A temporalidade, o instante e a eternidade: uma investigação em filosofia da religião a partir de Heidegger". No momento sou estudante do mestrado do PPGFil-UnB, onde desenvolvo pesquisa sobre as relações entre racialidade e nacionalidade. Parto de leituras que interpretam o momento pós-colonial, do Estado-nação, como um tipo de continuidade da violência colonial/escravista (Denise Ferreira da Silva, Saidiya Hartman, Hortense Spillers, Lima Barreto). Essas perspectivas realçam a inexistência da liberdade prometida pelas nações guiadas pelos ideais iluministas. Ao ler os textos de Herder, busco descrever como a elaboração das diferenças entre raças, povos e nações, elaboradas a partir da diferença humana, oferecem uma naturalização da diferença racial, a qual será decisiva no pós-iluminismo. Bolsista CAPES.

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Publicado

26-11-2024

Como Citar

BARBOSA DOS SANTOS JÚNIOR, Joaquim. Modernidade e racismo na construção da nação brasileira: aproximações entre Denise Ferreira da Silva e Lima Barreto. Revista de Filosofia Moderna e Contemporânea, [S. l.], v. 12, n. 1, p. 153–180, 2024. DOI: 10.26512/rfmc.v12i1.52555. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/fmc/article/view/52555. Acesso em: 27 nov. 2024.