Um olhar Bakhtiniano sobre a construção vocal de pessoas com diversidade de gênero

Autores

DOI:

https://doi.org/10.26512/vozcen.v5i01.54578

Palavras-chave:

Voz, Discurso, Transgênero, Bakhtin, Social

Resumo

A voz é multifacetada, compreendendo sua materialidade fônica e a subjetividade do falante. Ela é única para cada indivíduo e serve como índice de presença na enunciação. Para pessoas transgênero, a voz é uma característica marcante do gênero em transição e uma queixa frequente na clínica fonoaudiológica. Embora haja uma lacuna nos estudos sobre a voz na linguística, filosofia e outras áreas, existem aproximações entre voz e linguagem. Este trabalho reflete sobre a voz transgênero como ferramenta de identificação, usando Bakhtin e o Círculo, focando nas relações sociais que permeiam o discurso dessa população. Serão abordadas entonação, vozes sociais, alteridade e corpo grotesco, com vinhetas clínicas para análise teórica dos efeitos da voz na identidade de gênero, alinhando-se às teorias bakhtinianas e destacando a voz na constituição do sujeito falante.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Isadora Annes Bitencourt, Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS, Porto Alegre/RS, Brasil

Fonoaudióloga graduada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Atualmente Mestre e Doutoranda em Estudos da Linguagem pelo Programa de Pós Graduação em Letras da UFRGS. Pós Graduanda em Intervenções Assistidas por Animais. Possui especialização em Atenção ao Paciente Crítico pelo programa de Residência Multiprofissional em Saúde do Grupo Hospitalar Conceição. Realizou estágio optativo em terapia da fala no Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão - Portugal.Foi PICCAP do Hospital de Clínicas de Porto Alegre realizando aperfeiçoamento em avaliação e reabilitação de disfagia. Compôs a equipe do Ambulatório Trans de Porto Alegre/SMS. Atualmente é fonoaudióloga da Prefeitura Municipal de Alvorada, atuando no Centro Municipal Educacional de atendimento ao autista de Alvorada.

Referências

AMORIM, Marília. Cronotopo e exotopia. In: BRAIT, Beth. (Org.). Bakhtin: outros conceitos-chave. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2012, pp. 95-114.

AZUL, David. Gender‐related aspects of transmasculine people's vocal situations: insights from a qualitative content analysis of interview transcripts. International Journal of Language & Communication Disorders, v. 51, n. 6, pp. 672-684, 2016.

AZUL, David; HANCOCK, Adrienne B. Who or what has the capacity to influence voice production? Development of a transdisciplinary theoretical approach to clinical practice addressing voice and the communication of speaker socio-cultural positioning. International Journal of Speech-Language Pathology, v. 22, n. 5, pp. 559-570, 2020.

AZUL, David. How do voices become gendered? A critical examination of everyday and medical constructions of the relationship between voice, sex, and gender identity. In: Challenging popular myths of sex, gender and biology. pp. 77-88, 2013.

AZUL, David. Phononostalgia: A fictocritical investigation into discordant notions of ‘voice’ in speech and writing. TEXT, v. 15, n. 1, p. 1-23, 2011.

BAKHTIN, M. O autor e a personagem na atividade estética. In: BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. Trad. do russo Paulo Bezerra. 5.ed. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2003.

BAKHTIN, M. O autor e o herói. In: BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. Trad. do francês Maria Ermantina Galvão G. Pereira. 2.ed. São Paulo: WMF Martins Fontes, 1997.

BAKHTIN, M. Problema da obra de Dostoiévski. Tradução, notas e glossário de Sheila Grillo e Ekaterina Vólkova Américo. 1. ed. São Paulo: Editora 34, 2022. 384 p.

BAKHTIN, Mikhail. Teoria do romance I: A estilística. Tradução, notas e glossário de Paulo Bezerra; organização da edição russa de Serguei Botcharov e Vadim Kójinov. São Paulo: Editora 34, 2015.

BAKHTIN, Mikhail Mikhailovich. Para uma filosofia do ato responsável. Pedro & João Editores, 2017.

BAKHTIN, Mikhail. A cultura popular na Idade Média e no Renascimento: o contexto de François Rabelais. Trad. Yara Fratechi Vieira, 7. ed. São Paulo: Editora HUCITEC, 1993.

BAKHTIN, Mikhail. Os gêneros do discurso. Paulo Bezerra (Org., Trad., Posfácio e Notas); Notas da edição russa: Seguei Botcharov. São Paulo: Editora 34, 2016.

BARROS, Alana Dantas. A relação entre a voz e expressão de gênero: a percepção de pessoas transexuais. [Dissertação de mestrado] Brasília, 2017.

BENVENISTE, Émile. Problemas de Linguística Geral II. Campinas, SP: Pontes, 2006 [1965a], p. 68-80.

BRAIT, Beth. Alteridade, dialogismo, heterogeneidade: nem sempre o outro é o mesmo. Revista Brasileira de Psicanálise, v. 46, n. 4, p. 85-97, 2012.

BUBNOVA, Tatiana; BARONAS, Roberto Leiser; TONELLI, Fernanda. Voz, sentido e diálogo em Bakhtin. Bakhtiniana: revista de estudos do discurso, v. 6, p. 268-280, 2011. Campus Araraquara, 2017.

CAVARERO, Adriana. Vozes plurais: filosofia da expressão vocal. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2011.

DAHLET, V. A entonação no dialogismo bakhtiniano. In: BRAIT, Beth (Org.). Bakhtin, dialogismo e construção do sentido. Campinas: Editora da Unicamp, 2005.

DE BARROS FILHO, Clóvis; LOPES, Felipe; BELIZÁRIO, Fernanda. A construção social da voz. Revista FAMECOS, v. 11, n. 23, p. 97-108, 2004.

FARACO, Carlos Alberto. Linguagem & Diálogo: as ideias linguísticas do círculo de Bakhtin. São Paulo: Parábola Editorial, 2009. 168 p.

FAVERO, Sofia Ricardo. (Des) epistemologizar a clínica: o reconhecimento de uma ciência guiada pelo pensamento cisgênero. Revista Brasileira de Pesquisa (Auto) biográfica, v. 5, n. 13, p. 403-418, 2020.

FLORES, Valdir do Nascimento. A voz como objeto de uma antropologia da enunciação. Working papers em lingüística, Florianópolis, SC. Vol. 19, n. 2 (ago./dez. 2018), p. 35-53, 2018.

KLOSS, Nina Paim. Voz: um índice da presença do sujeito na linguagem no contexto da clínica dos distúrbios de linguagem. [Dissertação de mestrado] Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2018.

LOPES, Guacira L. Um corpo estranho. Ensaios sobre sexualidade e teoria queer. 3. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2021.

MEDVIÉDEV, P. O Método Formal nos Estudos Literários. Trad. Sheila Grillo e Ekaterina Vólkova Américo. São Paulo: Contexto, 2012.

MILANO, Luiza. Fonético e fonológico em Saussure: o lugar do fônico no Curso de Linguística Geral. Eutomia, v. 1, n. 16, p. 245-258, 2015.

NEUMANN, Daiane. Ensaio sobre a voz. Linguagem em (Dis) curso, v. 18, p. 235-252, 2018.

PARRET, H. La voix et son temps. Bruxelles: Éditions De Boeck Université, 2002.

PRECIADO, Paul B. Manifiesto contrasexual. Anagrama, 2016.

SOUSA, Claudemir et al. A construção do sujeito trans nas vozes sociais que atravessam o discurso médico em A garota dinamarquesa. Diálogo das Letras, v. 9, p. e02014-e02014, 2020.

SPARGO, Tamsin. Foucault e a teoria queer: seguido de Ágape e êxtase: orientações pós-seculares. Belo Horizonte: Autêntica, 2017.

SURREAUX, Luiza Milano. O rastro do som em Saussure. Nonada: letras em revista, v. 1, n. 20, p. 285-295, 2013.

VOLÓCHINOV, Valentin. A palavra na vida e a palavra na poesia: ensaios, artigos, resenhas e poemas. Organização, tradução, ensaio introdutório e notas de Sheila Grillo e Ekaterina Vólkova Américo. São Paulo: Editora 34, 2019.

ZUMTHOR, Paul. Performance, recepção, leitura. São Paulo: Ubu Editora, 2018.

Downloads

Publicado

31-07-2024

Como Citar

Bitencourt, I. A. (2024). Um olhar Bakhtiniano sobre a construção vocal de pessoas com diversidade de gênero. Voz E Cena, 5(01), 185–206. https://doi.org/10.26512/vozcen.v5i01.54578

Edição

Seção

Artigos - Fluxo Contínuo

Categorias

Artigos Semelhantes

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 > >> 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.