Cientistas como cidadãos e especialistas na detecção do desmatamento na Amazônia

Autores

Palavras-chave:

monitoramento do desmatamento, Amazônia, Brasil, interface ciência-política

Resumo

Este artigo examina como cientistas lidam com as tensões que emergem de seu lugar enquanto provedores de conhecimento objetivo e como cidadãos preocupados com a forma como suas pesquisas influenciam a política e a tomada de decisão no Brasil. O artigo discute isso através de um relato etnográfico de práticas de cientistas que utilizam tecnologia de sensoriamento remoto, suas atividades de produção de conhecimento e as controvérsias sociopolíticas mais amplas que permeiam a detecção do desmatamento na floresta amazônica. Estratégias para mitigar a incerteza são aspectos centrais das práticas analisadas, trazendo controvérsias ‘externas’ para o ‘interior’ do laboratório, tornando essas fronteiras conceitualmente problemáticos. Em particular, a antecipação de interpretações alternativas da cobertura da floresta tropical é uma forma crucial pela qual os cientistas trazem o mundo para o laboratório, ajudando a esclarecer como os cientistas, geralmente vistos e analisados como ‘isolados’, estão, na prática, frequentemente em constante diálogo com as controvérsias políticas mais amplas relacionadas ao seu trabalho. Esses insights ajudam a questionar a ideia de que o monitoramento do desmatamento por meio de sensoriamento remoto é uma forma de pesquisa isolada, desenhando um quadro mais complexo do duplo papel dos cientistas como produtores de conhecimento e cidadãos preocupados.

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Biografia do Autor

Marko Monteiro, Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)

Professor Associado de Estudos Sociais da Ciência e da Tecnologia no Departamento de Política Científica e Tecnológica da Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP, Brasil. É doutor em Ciências Sociais, também pela UNICAMP. Ele é o autor do livro Os dilemas do humano: reinventando o corpo numa era (bio)tecnológica (São Paulo: Annablume, 2012). Também publicou diversos trabalhos que analisam práticas de criação de evidências, visualizações científicas, modelagem computacional, sensoriamento remoto e política de desmatamento no Brasil.

Raoni Rajão, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

Professor Associado do STS do Departamento de Engenharia de Produção da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e coordenador do Laboratório de Gestão de Serviços Ambientais (LAGESA). É bacharel em Ciência da Computação (Laurea em Informatica) do Universidade Degli Studi di Milano-Bicocca e um PhD em Organização, Trabalho e Tecnologia pela Universidade de Lancaster. Raoni a pesquisa tem como foco a interface entre ciência e controle do desmatamento e políticas climáticas no Brasil. Ele publicou seu trabalho em Ciência, Teoria, Cultura & Sociedade E Ciência, Tecnologia e Valores Humanos.

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Publicado

26-05-2021

Como Citar

Monteiro, M., & Rajão, R. (2021). Cientistas como cidadãos e especialistas na detecção do desmatamento na Amazônia. Sociedade E Estado, 36(01). Recuperado de https://periodicos.unb.br/index.php/sociedade/article/view/36445

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