SAMSARA
Tempo, espaço e movimento, a criação de lugares outros em processos artísticos
Palavras-chave:
Site specificity, samsara, corpos utópicos, autopoiesis, videoarteResumo
Este artigo tem por objetivo apresentar o percurso teórico-prático e as discussões suscitadas na elaboração da videoarte “Samsara”. A metodologia é ancorada no conceito site specificity art, mais precisamente site-oriented, e na cartografia para mapear conceitos, partindo da especificidade de um lugar como agente propulsor de reflexões e transformações. O espaço
físico em seu registro fílmico ganha uma dinâmica em novas dimensões temporais e discursivas na realidade virtual. Os recursos computacionais possibilitam recriar outras realidades e revelar tanto um desejo pessoal quanto um olhar crítico para uma situação observada. A autopoiese é a capacidade dos seres de se autoproduzirem, assim como acontece no processo criativo do artista. Por meio desses processos artísticos, os usos de dispositivos tecnológicos possibilitam dar vida virtualmente e obter deslocamentos no tempo-espaço. Como resultado, nos faz refletir acerca do conceito de “samsara”, em sânscrito, “vagando”, “fluindo”, “passando”, ou o ciclo de repetição de nascimento, vida e morte, passado, presente e futuro, e notar o contraste entre a morte provocada por impactos ambientais versus a ritualística que a morte recebe na própria natureza. Se o budismo ajuda a entender esses ciclos também como forma de transformação de estados mentais e da consciência pessoal, é possível, por meio da arte, convocar a empatia e a alteridade na construção de lugares outros.
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Referências
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