Mulheres, curandeiras e enfermeiras na perspectiva de gênero e de raça
O que perde a enfermagem com a reedição de discursos discriminatórios?
DOI:
https://doi.org/10.5281/zenodo.7877646Palavras-chave:
Brasil, Enfermagem, Gênero, História da enfermagem, Medicina tradicional, Mulheres, Negros, ParamédicosResumo
O presente estudo tem como objetivo questionar a história oficial da enfermagem, analisando a perspectiva de gênero e raça na origem do cuidado atrelado às práticas das mulheres curandeiras. A pesquisa é um estudo teórico com revisão de literatura. Como resultado, elaborou-se um quadro referencial com questões norteadoras para análise da abordagem dos saberes ancestrais do cuidado em saúde na enfermagem, sob a perspectiva de gênero e raça. A revisão de literatura evidenciou a marginalização dos saberes das curandeiras ao longo da história da enfermagem no Brasil, desde a profissionalização da medicina, com a discriminação das artes de curar até a profissionalização da enfermagem, com a produção da “Enfermeira Padrão” – símbolo que reedita desigualdades de gênero, raça e classe na profissão, acriticamente.
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