Interacionismo Sociotécnico na Construção de Linhas de Transmissão na Amazônia

Autores

  • Jussara C. Melo Universidade de Brasília

Palavras-chave:

Comunicação. Audiência pública. Amazônia. Energia. Participação social. Democracia. Tecnologia. Ciência. Política. Licenciamento ambiental.

Resumo

A política científica e tecnológica vigente é orientada por uma matriz cognitiva baseada no mito da neutralidade da tecnociência,que combina determinismo e instrumentalismo tecnológicos em um encadeamento lock-in no qual a tecnologia é isenta de valores. Nesse diapasão, o sujeito especialista toma as decisões, embora o sujeito social seja convocado a apresentar suas demandas. O artigo examina a oferta de energia às comunidades locais e a instalação de torres chinesas na travessia do rio Amazonas, eventos relatados no processo técnico de licenciamento ambiental da Linha de Transmissão Xingu-Jurupari nos Estados do Pará e do Amapá, a fim de identificar as dificuldades de formação de uma intersubjetividade capaz de abrir espaço para o agir comunicativo e para controles mais democráticos no âmbito das escolhas tecnológicas. O artigo conclui que as dificuldades na interação entre os atores decorrem da dissociação entre o planejamento energético e o atendimento de demandas sociais manifestadas nas audiências públicas.

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Biografia do Autor

Jussara C. Melo, Universidade de Brasília

Professora. Advogada. Doutoranda em Comunicação e Sociedade FAC/UnB. Atuação técnico-científica em direito, comunicação e tecnologia nas intersecções entre a regulação jurídica, a teoria da regulação e a teoria crítica da tecnologia. Email: Jussaracm@unb.br.

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Publicado

2015-04-14

Como Citar

Melo, J. C. (2015). Interacionismo Sociotécnico na Construção de Linhas de Transmissão na Amazônia. Revista Do CEAM, 3(1), 63–98. Recuperado de https://periodicos.unb.br/index.php/revistadoceam/article/view/10047

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