Guardiãs da vida: o papel das mulheres camponesas na mitigação das mudanças climáticas no Rio Grande Do Sul

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33240/rba.v20i4.57553

Palavras-chave:

Movimentos sociais do campo, Agroecologia, Práticas sustentáveis, Feminismo camponês e popular

Resumo

Este artigo analisa o papel das mulheres camponesas na mitigação das mudanças climáticas no Rio Grande do Sul, destacando sua importância para a Agroecologia. O objetivo é compreender como essas mulheres, por meio de movimentos sociais como o Movimento de Mulheres Camponesas, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra e o Movimento dos Pequenos Agricultores, articulam práticas agroecológicas para enfrentar as alterações climáticas. Utiliza-se como ferramenta o método qualitativo entrevistas narrativas com dirigentes dos referidos movimentos, analisadas por meio da análise de conteúdo. Os resultados apontam que as mulheres são protagonistas em práticas sustentáveis, como a implantação de sistemas agroflorestais e a preservação de sementes crioulas, promovendo resistência ao modelo agrícola dominante do agronegócio. Conclui-se que o feminismo camponês e popular constitui uma estratégia política fundamental, pois fortalece a participação feminina em espaços decisórios, promovendo a justiça ambiental e social, essencial para a sustentabilidade na agricultura familiar e para a mitigação das mudanças climáticas.

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Biografia do Autor

Vanesa Lazzaretti, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da Universidade Federal do Federal do Rio Grande do Sul. Mestra em Ciência Política pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, Brasil.

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Publicado

2025-11-01

Como Citar

Lazzaretti, V. (2025). Guardiãs da vida: o papel das mulheres camponesas na mitigação das mudanças climáticas no Rio Grande Do Sul. Revista Brasileira De Agroecologia, 20(4), 623–645. https://doi.org/10.33240/rba.v20i4.57553

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