Dos acordos globais às ações locais sobre mudanças climáticas: tradução e implementação do Plano e Programa ABC
DOI:
https://doi.org/10.33240/rba.v19i4.55923Palavras-chave:
Mudanças climáticas, Agronegócio, Tradução de políticas públicas, Implementação de políticas públicas, Gases de efeito estufa, Desenvolvimento Rural SustentávelResumo
A tese analisa como os acordos climáticos globais foram traduzidos pelos atores do setor do agronegócio brasileiro na construção do Plano Setorial de Mitigação e de Adaptação às Mudanças Climáticas para a Consolidação de uma Economia de Baixa Emissão de Carbono na Agricultura (Plano ABC), e como este foi implementado nos estados de Minas Gerais e Rio Grande do Sul, por meio do Programa ABC. Para isso foram entrevistados 70 atores vinculados à construção e implementação da referida política pública, e utilizados os referenciais de tradução e implementação de políticas públicas. Em termos de resultados, a tese demonstra que os acordos climáticos globais tiveram influência no contexto brasileiro, que considerando questões institucionais internas, atores envolvidos e suas interpretações, conformaram o processo de tradução da agenda de mudanças climáticas no país. Mudanças incrementais podem ser visualizadas no Brasil, que passa da negação da agenda climática para sua aceitação, defesa e incorporação da mesma em políticas públicas. A construção do Plano ABC envolveu certa “tradução antecipada” das ideias do contexto internacional para o nacional. Interpretada como uma oportunidade de ressignificação da agricultura brasileira, os atores do agronegócio definiram antecipadamente uma estratégia e participaram da COP15 com uma proposta estruturada de política pública para a agricultura de baixa emissão de carbono. Destoando dos processos de transferência unidirecional, o Plano e o Programa ABC resultam de um processo de “tradução de mão dupla” do nível internacional para o nacional, estrategicamente pautado pelo Brasil. Depois de “traduzido” para o contexto nacional, o Plano e o Programa ABC sofreram (re)traduções durante sua implementação, ao alcançar os espaços locais. Se as ideias de redução de emissão de gases de efeito estufa estavam presentes no momento de formulação do Plano e do Programa, as mesmas não encontram correspondência nas interpretações e atuações dos burocratas de nível de rua. Esses interpretam o Programa como “mais uma” linha de crédito, apontando questões formais e burocráticas que desestimulam o acesso a essa política pública. Adicionalmente, as características locais e o poder discricionário dos burocratas de nível de rua, conferem diferenças na implementação do Programa ABC nos estados de Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Observa-se, deste modo, um “distanciamento interpretativo” entre as ideias presentes na escala global e suas traduções nas escalas nacional e local.
Downloads
Referências
CHECHI, Leticia A. Dos acordos globais às ações locais sobre mudanças climáticas: tradução e implementação do Plano e Programa ABC. 2019. 228 f. Tese de Doutorado - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre – RS, 2019. Disponível em: < https://lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/204085/001109662.pdf?sequence=1&isAllowed=y>. Acesso em: 30 out. 2024.
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Leticia Andrea Chechi
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Aviso de direitos autorais
Os direitos autorais dos artigos publicados nesta revista permanecem com os autores, com direitos de primeira publicação para a revista.
Licença
Quando publicados nesta revista de acesso aberto, licenciados por meio do CC BY 4.0, os artigos são distribuídos gratuitamente, podendo ser compartilhados e adaptados para qualquer finalidade, inclusive comercial. Como atribuição de uso, a licença exige que seja dado o devido crédito, com um link para a licença e indicação de alterações. Isso não significa que o licenciante endosse o uso das informações do artigo, ou a pessoa que usou essas informações. Implica, também a, impossibilidade de aplicação de medidas legais ou tecnológicas que restrinjam o uso da informação por terceiros.