Impasses na transição para uma agricultura de base ecológica: o Projeto Café de Lerroville-PR
DOI:
https://doi.org/10.33240/rba.v4i1.48941Palavras-chave:
Cafeicultura orgânica, Agroecologia, Atores sociais,, Desenvolvimento ruralResumo
Este trabalho busca compreender como um modelo de substituição de insumos para uma agricultura de baseecológica se tornou falácia do modelo de desenvolvimento rural. Optou-se por estudar o Projeto Café de Lerroville(PCL) e a transição para uma agricultura de base ecológica para analisar como o processo de transição foi definidopor aspectos socioculturais, econômicos e políticos. A inserção das associações ACAL (Associação deCafeicultores da Água da Limeira) e APRALA (Associação de Produtores da Água da Laranja Azeda) na rede decomércio justo solidário modificou a configuração das comunidades Laranja Azeda e Limeira, zona rural do distritode Lerroville, município de Londrina-PR. Estratégias de desenvolvimento rural local foram pensadas por agentes dedesenvolvimento para que além da agregação de renda ao produto café, as famílias agricultoras deixassem deproduzir convencionalmente e adotassem um manejo ecológico do solo, plantas e insetos. A base teórica destetrabalho busca na perspectiva orientada ao ator e na abordagem agroecológica elementos para entender aconstituição e o processo de transição pautado na substituição de insumos. Os objetivos específicos da pesquisasão: (i) apresentar o Norte do Paraná e algumas práticas cotidianas e culturais dos agricultores; (ii) analisar o PCL,as técnicas inseridas pela transição e ressaltar ações diretivas ou participativas dos agricultores na mudança desistema de cultivo; (iii) examinar as relações entre os atores envolvidos, as etapas e a trajetória de transição parauma cafeicultura orgânica. A observação de campo, a vivência no local, as entrevistas estruturadas e semi-estruturadas, a construção de mapas genealógicos e mapas das propriedades fazem parte do conjuntometodológico, na intenção de testar a seguinte hipótese: a substituição de insumos do modelo atual de agriculturaorgânica incorpora os padrões convencionais de transferência tecnológica, prescreve a transição sem estar atreladaa metodologias participativas e deixa de permitir uma relativa autonomia do agricultor. O nicho de mercado paraprodutos orgânicos, as representações sociais sobre os sistemas de cultivo, a transferência vertical deconhecimento e o descomprometimento com as normas sociais e os costumes da comunidade (por parte dasinstituições) definiram a trajetória do Projeto Café de Lerroville. A análise das entrevistas mostrou que os aspectoseconômicos e políticos da experiência de transição são o aparente do processo e também explicam a desmotivaçãodos agricultores com a transição como, por exemplo: o interesse destes pelo nicho do mercado orgânico; a relaçãoconflituosa entre as instituições, os agentes de desenvolvimento e os agricultores. Os aspectos sociais e culturaisestão nos bastidores das explicações sobre o“insucesso”da experiência e foram identificados durante a pesquisaetnográfica como, por exemplo: a importância das atividades religiosas e de lazer para a manutenção social dogrupo; as sutis divergências produtivas entre as associações, que se tornaram uma cooperativa durante a transição,e a cultura local, baseada no cultivo do café, como agente movedor da história de vida e da região
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