A vida como ela é

visões da domesticidade nas casas publicadas na revista Casa & Jardim nos anos 1980

Resumo

O artigo parte do entendimento da arquitetura residencial como um artefato de cultura e, a partir desta premissa, investiga as representações da domesticidade através das publicações da revista Casa & Jardim da década de 1980. A pesquisa tem como objetivo revelar como os projetos de casas, apresentados sem o verniz característico das publicações especializadas, expõem as dinâmicas sociais e de gênero presentes nas configurações da moradia burguesa. A metodologia envolve a análise das narrativas e imagens que acompanham os projetos publicados, permitindo evidenciar o papel ativo do cliente na criação de espaços que atendem a desejos e necessidades individuais. Os principais resultados indicam que a revista promove uma representação mais próxima da realidade cotidiana, onde os projetos arquitetônicos não são apenas vistos como objetos de arte, mas como cenários da vida diária. A pesquisa identifica que as soluções espaciais frequentemente perpetuam estereótipos de gênero e de classe, destacando a segregação entre moradores e seus empregados. Em conclusão, Casa & Jardim funciona como um documento involuntário que captura a vida privada e as complexas relações sociais, sugerindo que a arquitetura é moldada por sua realidade sociocultural, influenciada por múltiplas variáveis externas e internas.