Arquivos da Autopia: acervos de projetos de infraestrutura viária em São Paulo - 1952-1985

Autores

DOI:

https://doi.org/10.18830/issn.1679-0944.n32.2022.21

Palavras-chave:

infraestrutura, historiografia, vias expressas, rodoviarismo, engenharia de transportes

Resumo

O campo da infraestrutura de transportes oferece um desafio ao pesquisador da historiografia da arquitetura. A natureza dos projetos de infraestrutura e o formato das equipes de projeto que os desenvolveram, distantes do formato autoral do cânone moderno, oferecem uma responsabilidade dupla: o de mapear esse nicho profissional, formado por empresas multidisciplinares de engenharia consultiva, e o de analisar as ambições de projeto através de fontes cuja linguagem, malgrado também projetual, se distancia do vocabulário arquitetônico comum. Através da abordagem crítica de Reyner Banham e da historiografia não-canônica da arquitetura, busca-se a maturação de uma ferramenta de pesquisa que interpreta documentos técnicos à luz de suas condicionantes ideológicas. O presente artigo aborda, através de dois estudos de caso, a experiência de pesquisa nos acervos da Prefeitura de São Paulo e do Departamento de Estradas de Rodagem do governo do estado, reflete sobre as condições físicas e a catalogação dos acervos, e aponta para ações necessárias para preservação e melhor interpretação dos acervos, fundamentais para entender a história da infraestrutura e seu impacto na paisagem urbana.

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Biografia do Autor

Luiz Ricardo Araujo Florence, Universidade de São Paulo, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Programa de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo

Formado em arquitetura e urbanismo pela FAU-USP em 2005, onde também obteve seus títulos de Mestrado (2014) e Doutorado (2021), Luiz Florence é sócio da 23 Sul Arquitetura, onde desenvolve projetos em diversas escalas e tipologias, com ênfase em infraestrutura de transportes. Desde a graduação, Luiz Florence trabalha com temas relacionados à sistemas de mobilidade urbana, em paralelo com sua pesquisa acadêmica, cujo foco metodológico é o da historiografia crítica. O interesse por investigar elementos da arquitetura anônima, como ruas, calçadas, estradas, autoconstrução e customizações o aproximou da produção de Reyner Banham, em especial a sua abordagem dos elementos do vernacular moderno estadunidense e seu impacto na arquitetura moderna, foco da pesquisa de mestrado. Na pesquisa de doutoramento, o foco se direcionou para o mapeamento da paisagem rodoviária formada pelas vias expressas de São Paulo, que foi cunhada como Autopia. Utilizando a metodologia de Banham, a construção da paisagem autópica mobilizou não apenas aspectos do projeto, mas suas apropriações, sua relação com a cultura de consumo de massa e realidade socioeconômica. Foi professor da Universidade São Judas Tadeu, onde lecionou nos cursos de teoria e história da arquitetura e urbanismo, entre 2015 e 2018.

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Publicado

26-08-2022

Como Citar

Araujo Florence, L. R. (2022). Arquivos da Autopia: acervos de projetos de infraestrutura viária em São Paulo - 1952-1985. Paranoá, 15(32), 1–16. https://doi.org/10.18830/issn.1679-0944.n32.2022.21

Edição

Seção

Arquivos e Acervos em Arquitetura e Urbanismo

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