As forças policiais nas "Jornadas de Junho" de 2013
um estudo sobre a criminalização das manifestações em Porto Alegre/RS
DOI:
https://doi.org/10.26512/insurgncia.v3i2.19724Palavras-chave:
Movimentos Sociais. Criminalização. Segurança Pública. Jornadas de Junho. Porto Alegre.Resumo
Partindo de aportes político-criminológicos, esse artigo pretende compreender as formas de atuação das forças policiais no Brasil contemporâneo, especificamente aquelas vinculadas ao fenômeno da criminalização dos movimentos sociais. Tomando como contexto as chamadas “Jornadas de Junho” de 2013, correlatas aos novíssimos movimentos sociais que vieram à tona em diversas partes do mundo na última década, aponta-se para as performances na atuação das polícias civil e militar, constantemente chamadas para lidar com tais manifestações, ecoando estratégias sistemáticas dos seus legados autoritários. Para tanto, apresentam-se alguns resultados parciais da análise do inquérito policial construído pela Polícia Civil para fins de criminalização dos manifestantes que participaram das “Jornadas de Junho” na cidade de Porto Alegre no ano de 2013. Em termos consistentes, verifica-se desde logo, através da compreensão discursiva do caso, como se constituem as relações de poder na configuração do criminoso como inimigo social, forjando-se grupos que se veem inescapavelmente sujeitos ao poder soberano policial.
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