Por que o pluralismo interessa à epistemologia?

Autores

DOI:

https://doi.org/10.26512/rfmc.v6i1.20237

Palavras-chave:

Pluralismo. Robustez. Coerência. Valores cognitivos. Conhecimento filosófico.

Resumo

Neste texto faz-se uma reflexão acerca do valor cognitivo do pluralismo, pensado tanto no âmbito do conhecimento científico quanto do conhecimento filosófico. Inicialmente, são apresentadas diferentes formas de pluralismo que caracterizam várias dimensões do conhecimento científico (com destaque para o pluralismo de temas científicos, de estilos de pensamento, de teorias, de metodologias, e de formas de racionalidade). Em seguida, são apresentados os contornos de um argumento visando estabelecer a importância do pluralismo como um valor do conhecimento científico, na medida em que, dentro de uma visão coerencial, o pluralismo seria conducente a uma maior robustez do conhecimento. Finalmente, procura-se transpor esse argumento para o âmbito do conhecimento filosófico, e estabelecer o pluralismo como um valor cuja realização seria desejável também em filosofia. Para possibilitar essa transposição entre domínios, faz-se necessário considerar o problema da distinção entre filosofia e ciência enquanto formas de conhecimento, bem como a suposta ausência de caráter empírico da filosofia. Procura-se dar conta de certas objeções de caráter geral à visão de conhecimento proposta, sustentando que uma realização em alto grau do pluralismo não conduz, necessariamente, nem à estagnação e ao conservadorismo, nem à fragmentação do conhecimento.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Valter Alnis Bezerra, Universidade de São Paulo

Departamento de Filosofia - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo.

Referências

ABRANTES, Paulo (2004). “Models and the dynamics of theories”. Philósophos, v. 9, n. 2, pp. 225-269, 2004.

ABRANTES, Paulo (2014). Método e ciência: Uma abordagem filosófica. Belo Horizonte: Fino Traço, 2014.

ABRANTES, Paulo (2016). Imagens de natureza, imagens de ciência. 2. ed. Revista e ampliada. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2016.

BAILER-JONES, Daniela (1999). "Tracing the development of models in the philosophy of science". In: MAGNANI, L.; NERSESSIAN, N. J. & THAGARD, P. (eds). Model-Based Reasoning in Scientific Discovery, pp. 23-40. New York: Kluwer / Plenum, 1999.

BALZER, W.; MOULINES, C. U. & SNEED, J. D. (2012). Una arquitectónica para la ciencia: El programa estructuralista. Trad. por P. Lorenzano. Bernal: Universidad Nacional de Quilmes

BUENO, O. (2012). “Styles of reasoning: a pluralist view”. Studies in History and Philosophy of Science, v. 43, pp. 657-665, 2012.

BUENO, O. (2018). “Estilos de Raciocínio nas Ciências e nas Artes”. In: CHIBENI, S. et al (eds). Filosofia e Historia de la Ciencia en el Cono Sur ”“ Selección de trabajos del X Encuentro de la Asociación de Filosofía e Historia de la Ciencia del Cono Sur, pp. 33-45. Córdoba: AFHIC / Universidad Nacional de Córdoba, 2018.

CROMBIE, A. C. (1994). Styles of Scientific Thinking in the European Tradition: The history of argument and explanation especially in the mathematical and biomedical sciences and arts. 3v. London: Duckworth, 1994.

DAVIDSON, Donald (1975)[1984]. “Thought and talk”. In: DAVIDSON, D. Inquiries into truth and interpretation, pp. 155-170. 2a. ed. Oxford, UK: Oxford University Press, 1984.

DAVIDSON, Donald (2002). Ensaios sobre a verdade. Org. e trad. por P. Ghiraldelli Jr., Pedro F. Bendassoli e Waldomiro J. Silva Filho. São Paulo: Unimarco Editora, 2002.

FOLEY, Richard (1987). The Theory of Epistemic Rationality. Cambridge, Massachusetts / London: Harvard University Press, 1987.

HACKING, I. (2009a). Ontologia histórica. Trad. por Leila Mendes. São Leopoldo, RS: Editora Unisinos, 2009.

HACKING, I. (2009b). Scientific Reason. Taiwan, National Taiwan University Press, 2009.

HOLTON, G. (1975). “On the role of themata in scientific thougth”. Nature, v. 188, pp. 328-334, 1975.

HOLTON, G. (1988). Thematic Origins of Scientific Thought: Kepler to Einstein. Rev. Edn. Cambridge, Mass.: Harvard University Press, 1988.

KIRKHAM, R. L. (2003). Teorias da verdade. Trad. por Alessandro Zir. São Leopoldo, RS: Editora Unisinos, 2003. (Publicado originalmente em 1992.)

KWA, C. (2011). Styles of knowing: a new history of science from ancient times to the present. Pittsburgh: University of Pittsburgh Press, 2011.

LACEY, H. (2008). Valores e atividade científica 1. São Paulo: Associação Filosófica Scientiae Studia/Editora 34, 2008.

LACEY, H. (2010). Valores e atividade científica 2. São Paulo: Associação Filosófica Scientiae Studia/Editora 34, 2010.

LAUDAN, L. (1981). Science and hypothesis. Historical essays on scientific methodology. Dordrecht: Reidel, 1981.

LAUDAN, Larry (1983). “The demise of the demarcation problem”. In: COHEN, R. S. & LAUDAN, L. (eds). Physics, Philosophy and Psychoanalysis, pp. 111-127. Dordrecht: D. Reidel, 1983.

LAUDAN, Larry (1984). Science and values: The aims of science and their role in the scientific debate. Berkeley: University of California Press, 1984.

LAUDAN, Larry (1989). “If it ain’t broke, don’t fix it”. Brit. J. Phil. Sci., v. 40, pp. 369-375, 1989. Reeditado em LAUDAN, L. Beyond Positivism and Relativism - Theory, Method and Evidence, Cap. 9. Boulder: Westview Press, 1996.

LAUDAN, L. (2011). O progresso e seus problemas: rumo a uma teoria do crescimento científico. Tradução R. L. Ferreira. São Paulo: Editora Unesp, 2011. (Publicado originalmente em 1977.)

MOULINES, C. Ulises (2010). “The nature and structure of scientific theories”. Metatheoria, v. 1, n. 1, pp. 15-29, 2010.

MOULINES, C. Ulises (2011). “Cuatro tipos de desarrollo teórico en las ciencias empíricas. Metatheoria, v. 1, n. 2, pp. 11-27, 2011.

NEURAH, O. (1935)[2002]. “Pseudorracionalismo de la falsación”. Tradução e notas por A. Ibarra. Redes, v.10, n.19, pp.105-118, 2002.

NEURATH, O. (1937)[1983]. “Radical physicalism and the ‘real world”’. In: Cohen, R. S. & Neurath, M. (Ed.). Philosophical papers, 1913-1946. With a bibliography of Neurath in English, pp. 100-114. Dordrecht: Kluwer Academic Publishers, 1983.

NICKLES, Thomas (1981). “What is a problem that we may solve it?” Synthese, v. 47, n. 1, pp. 85-118, 1981.

PORCHAT PEREIRA, O. (1975)[1994]. “A filosofia e a visão comum de mundo”. In: PORCHAT PEREIRA, O. Vida comum e ceticismo, pp. 46-95. 2. ed. São Paulo: Brasiliense, 1994.

RESCHER, Nicholas (2001). Philosophical Reasoning - A Study in the Methodology of Philosophizing. Oxford / Malden, Massachusetts: Blackwell, 2001.

SHAPIN, Steven & SCHAFFER, Simon (2005). El Leviatán y la bomba de vacío: Hobbes, Boyle y la vida experimental. Trad. por Alfonso Buch. Bernal: Universidad Nacional de Quilmes, 2005. (Publicado originalmente em 1985.)

SOLER, Léna; TRIZIO, Emiliano; NICKLES, Thomas & WIMSATT, William C. (eds) (2012). Characterizing the Robustness of Science ”“ After the Practice Turn in Philosophy of Science. Dordrecht: Springer, 2012.

SOLER, Léna; ZWART, Sjoerd; LYNCH, Michael & ISRAEL-JOST, Vincent (eds) (2014). Science After the Practice Turn in the Philosophy, History, and Social Studies of Science. New York / London: Routledge, 2014.

Downloads

Publicado

10-12-2018

Como Citar

BEZERRA, Valter Alnis. Por que o pluralismo interessa à epistemologia?. Revista de Filosofia Moderna e Contemporânea, [S. l.], v. 6, n. 1, p. 187–208, 2018. DOI: 10.26512/rfmc.v6i1.20237. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/fmc/article/view/20237. Acesso em: 29 mar. 2024.