Morfologia avaliativa em Morfologia Distribuída

Autores

  • César Elidio Marangoni Junior Universidade de São Paulo

Palavras-chave:

morfologia avaliativa, interface morfologia-semântica-pragmática, Morfologia Distribuída

Resumo

A partir de Scalise (1984), há o surgimento do debate acerca da natureza da chamada morfologia avaliativa e da tentativa de encaixá-la em algum dos componentes da arquitetura da gramática do falante. Neste artigo, proponho que a morfologia avaliativa é analisada de maneira direta num modelo teórico como a Morfologia Distribuída, o qual permite a sistematização da interface morfologia-semântica-pragmática que é perceptível na leitura avaliativa que os diminutivos, os aumentativos, as formas truncadas e os blends, por exemplo, podem apresentar. Grosso modo, assumo que os processos envolvidos na derivação de formas como essas podem receber uma análise unificada a partir da postulação da existência de um traço dissociado [Eval], que, adicionado a uma estrutura derivada já categorizada, é o responsável pela escolha do item de vocabulário adequado; além disso, tal derivação permite que defendamos a existência de efeitos pragmáticos atrelados a diminutivos, aumentativos, pejorativos e afetivos. Caracteriza-se, assim, a interface morfologia-semânticapragmática: um exponente morfofonológico realiza uma informação semântico-pragmática que diz respeito à atitude ou ao sentimento do falante perante um objeto, uma situação ou uma pessoa.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ALCÂNTARA, C. da C. As classes formais do português e sua constituição: um estudo à luz da teoria da morfologia distribuída. Tese (Doutorado) – Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2003.

ALCÂNTARA, C da C. As classes formais do português brasileiro. Letras de Hoje, 45(1), p. 5-15, 2010.

ARMELIN, P. R. G. A Relação entre Gênero e Morfologia Avaliativa nos Nominais do Português Brasileiro: uma abordagem sintática da formação de palavras. Tese (Doutorado) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2015.

BAUER, L. Evaluative morphology: in search of universals. Studies in Language, v. 21, n. 3, p. 533–575, 1997.

BEARD, R. Lexeme-Morpheme Base Morphology. Alabama: SUNY Press, 1995.

CINQUE, G. Augmentative, pejorative, diminutive and endearing heads in the extended nominal projection. In: DI DOMENICO, E.; HAMANN, C.; MATTEINI, S. (eds.). Structures, Strategies and Beyond. Amsterdam: John Benjamins, 2015. p. 67-81.

DRESSLER, W. U.; MERLINI BARBARESI, L. Morphopragmatics: Diminutives and Intensifiers in Italian, German and Other Languages. Berlin: De Gruyter, 1994.

DRESSLER, W. U.; MERLINI BARBARESI, L. Pragmatics and Morphology: Morphopragmatics. In: HUANG, Y. (ed.). The Oxford Handbook of Pragmatics. Oxford: Oxford University Press, 2017. p. 493-510.

EMBICK, D.; NOYER, R. Distributed Morphology and the syntax-morphology interface. In: RAMCHAND, G.; REISS, C. (orgs.). The Oxford Handbook of Linguistic Interfaces. Oxford: Oxford University Press, 2007. p. 289–324.

GONÇALVES, C. A. V. Atuais tendências em formação de palavras. São Paulo: Contexto, 2016.

GRANDI, N.; KÖRTVÉLYESSY, L. Introduction: why evaluative morphology? In: GRANDI, N.; KÖRTVÉLYESSY, L. Edinburgh Handbook of Evaluative Morphology. Edinburgh: Edinburgh University Press, 2015. p. 3-20.

GRIES. S. T. Shouldn’t it be breakfunch? A quantitative analysis of blend structure in English. Linguistics, 42(3), p. 639-667, 2004.

HALLE, M.; MARANTZ, A. Distributed Morphology and the Pieces of Inflection. In: HALE, K.; KEYSER, S. K. (orgs.). The View from Building 20; Essays in Honor of Sylvain Bromberger. Cambridge: MIT Press, 1993. p. 111-176.

HARLEY, H. On the identity of roots. Theoretical Linguistics, 40(3/4), p. 225-276, 2014.

HARLEY, H.; NOYER, R. State-of-the-article: Distributed Morphology. Glot International, v. 4, n. 4, p. 3-9, 1999.

JURAFSKY, D. Universal tendencies in the semantics of the diminutive. Language, 72: 3, p. 533-578, 1996.

KÖRTVÉLYESSY, L. Evaluative morphology and language universals. In: GRANDI, N.; KÖRTVÉLYESSY, L. Edinburgh Handbook of Evaluative Morphology. Edinburgh: Edinburgh University Press, 2015. p. 61-73.

MARANGONI JUNIOR, C. E. A blendtividade na formação de palavras: a derivação dos blends na interface entre morfologia, fonologia e pragmática. Dissertação (Mestrado em Letras) - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2021.

MARANTZ, A. “Cat” as a Phrasal Idiom: consequences of late insertion in Distributed Morphology. Manuscrito, MIT, 1996.

MARANTZ, A. No Escape from Syntax: Don’t try Morphological Analysis in the privacy of your own Lexicon. University of Pennsylvania Working Papers in Linguistics, v. 4, n. 2, p. 201-225, 1997.

MARANTZ, A. Words. WCCFL XX Handout, USC, Feb. 2001.

MARTÍN CALVO, R. Evaluative Morphology: Conditions and Properties of Evaluative Forms Obtained by Affixation. In: DREIJERS, G.; DUBOVA, A.; VECKRACIS, J. (eds.). Bridging Languages and Cultures. Linguistics, Translation Studies and Intercultural Communication. Berlin: Frank & Timme, 2019. p. 133-151.

MATTIELLO, E. Extra-grammatical morphology in English: Abbreviations, blends, reduplicatives, and related phenomena. Berlin: Mouton de Gruyter, 2013.

MERLINI BARBARESI, L. Evaluative morphology and pragmatics. In: GRANDI, N.; KÖRTVÉLYESSY, L. Edinburgh Handbook of Evaluative Morphology. Edinburgh: Edinburgh University Press, 2015. p. 32-42.

PRIETO, V. M. Spanish Evaluative Morphology: Pragmatic, Sociolinguistic, and Semantic Issues. PhD Dissertation – University of Florida, Gainesville, 2005.

PRIETO, V. M. The Semantics of Evaluative Morphology. In: GRANDI, N.; KÖRTVÉLYESSY, L. Edinburgh Handbook of Evaluative Morphology. Edinburgh: Edinburgh University Press, 2015. p. 21-31.

SCALISE, S. Generative morphology. Dordrecht: Foris, 1984.

SCHER, A. P. Por menos morfologia não concatenativa: uma análise localista para as formas nominais truncadas no português brasileiro. Tese (Livre Docência) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2018.

SCHER, A. P.; MARANGONI JUNIOR, C. E. Novas evidências em favor de um morfema avaliativo – [Eval]: formas nominais truncadas e blends em português brasileiro. Fórum Linguístico, Florianópolis, v. 17, número especial, p. 4636-4657, 2020.

SIDDIQI, D. Syntax within the Word: economy, allomorphy, and the argument selection in Distributed Morphology. Amsterdan: John Benjamins Publishing Company, 2009.

STUMP, G. How peculiar is evaluative morphology? Journal of Linguistics, 29, p. 1-36, 1993.

VILLALVA, A. Estruturas morfológicas: unidades e hierarquia do Português. Lisboa: FCT, 2000.

Downloads

Publicado

07.11.2022