Revisitando a estrutura dos blends na Morfologia Distribuída: contribuições de dados comerciais

Autores

  • Lydsson Agostinho Gonçalves Universidade Federal de Juiz de Fora
  • Maíra Candian Universidade Federal de Juiz de Fora

Palavras-chave:

Morfologia Distribuída, blends, blends comerciais, português brasileiro

Resumo

O presente trabalho busca, a partir do quadro teórico da Morfologia Distribuída (HALLE; MARANTZ, 1993; MARANTZ, 1997), analisar a derivação de um conjunto de nomes de bebidas alcóolicas cuja formação se dá a partir da junção entre o nome do ingrediente principal, cachaça, e o termo que indica o sabor, como abacaxaça < abacaxi + cachaça. Nossa análise está fundamentada em estudos recentes (MINUSSI; NÓBREGA, 2014; NÓBREGA; MINUSSI, 2015; SCHER, 2012, 2016; SCHER; MARANGONI JUNIOR, 2020; entre outros) e estabelece uma interface entre eles, ao adotar a existência de um núcleo avaliativo, [EVAL], e o acesso da lista 3 ao componente morfológico, o que resulta na influência da Enciclopédia na inserção de vocabulário e, consequentemente, na sobreposição de segmentos fonológicos e na leitura apreciativa dos blends. Uma estipulação simples em PF atua para garantir que a forma fonológica ótima resulte da união das palavras, dispensando hierarquias complexas em favor de um mecanismo análogo à inserção de vocabulário. Como potenciais desdobramentos, apontamos para uma expansão do conjunto analisado, investigando os blends comerciais atestados na cultura brasileira de forma geral a partir da nossa proposta.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

CRISTÓFARO-SILVA, T. Fonética e fonologia do português: roteiros de estudos e guias de exercícios. 4. ed. São Paulo: Editora Contexto, 2001.

EMBICK, D. The morpheme. Berlin: De Gruyter Mouton, 2015.

GONÇALVES, C. A. V. Blends lexicais em português: não-concatenatividade e correspondência. Veredas (UFJF), Juiz de Fora, v. 14, n. 1, p. 16-35, 2003.

HALLE, M.; MARANTZ, A. Distributed morphology and the pieces of inflection. In: HALE, Kenneth L.; KEYSER Samuel J. (ed.). The View from Building 20. Cambridge, Mass: MIT Press, 1993. p. 111-176.

HARLEY, H; NOYER, R. Formal vs. Encyclopedic properties of vocabulary: Evidence from nominalisations. In: PEETERS, B. (org.) The Lexicon-Encyclopedia Interface, p. 349-374, Amsterdam, Elsevier, 2000.

MARANGONI JUNIOR, C. E. A blendtividade na formação de palavras: a derivação dos blends na interface entre morfologia, fonologia e pragmática. 2021. Dissertação (Mestrado em Semiótica e Lingüística Geral) — Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2021. DOI:<10.11606/D.8.2021.tde-18062021-182351>.

MARANTZ, A. No escape from syntax: Don’t try morphological analysis in the privacy of your own Lexicon. Penn Working Papers in Linguistics 4:2: Proceedings of the 21st Annual Penn Linguistics Colloquium. Philadelphia: University of Pennsylvania, 1997.

MINUSSI, R. D.; NÓBREGA, V. A. A interface sintaxe-pragmática na formação de palavras: avaliando os pontos de acesso da Enciclopédia na arquitetura da gramática. Veredas, v. 18, n. 1, p. 161-184, 2014.

NÓBREGA, V. A. Tópicos em composição: estrutura, formação e acento. Dissertação (Mestrado em Letras) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo. São Paulo, 2014.

NÓBREGA, V. A.; MINUSSI, R. D. O tratamento da morfologia não-concatenativa pela morfologia distribuída: o caso dos blends fonológicos. Revista Letras, Curitiba, n. 91, p. 158-177, jan./jun. 2015.

PRIETO, V. M. Spanish evaluative morphology: pragmatic, sociolinguistic, and semantic issues. 281 p. Tese (Doutorado em Filosofia) – Graduate School, Universidade da Florida, 2005.

PRINCE, A.; SMOLENSKY, P. Optimality Theory: constraint interaction in generative grammar. New Brunswick: Rutgers University, University of Colorado, 1993.

SCHER, A. P. Formas supostamente truncadas e suas classes nominais no português brasileiro. Site Grupo de Morfologia Histórica do Português, USP. 2012. Disponível em: <http://www.usp.br/gmhp/Dia/P1_12.pdf>. Acesso em: 8 nov. 2021.

SCHER, A. P. A study of truncated nominal forms in Brazilian Portuguese: Their Derivation and their relation to nonverbal form classes. In: KATO, Mary A.; ORDÓÑEZ, Francisco (ed.). The Morphosyntax of Portuguese and Spanish in Latin America. New York: Oxford University Press, 2016.

SCHER, A. P.; MARANGONI JUNIOR, C. E. Novas evidências em favor de um morfema avaliativo – [EVAL]: formas nominais truncadas e blends em Português Brasileiro. Fórum Linguístico. Florianópolis, v. 17, número especial, p. 4636 – 4657, jul. 2020. DOI: <https://doi.org/10.5007/1984-8412.2020v17nespp4636>.

SIDDIQI, D. Syntax within the Word: economy, allomorphy, and the argument selection in Distributed Morphology. Amsterdan: John Benjamins Publishing Company, 2009.

VILLALVA, A. Estruturas morfológicas: unidades e hierarquia do Português. Lisboa: FCT, 2000.

Downloads

Publicado

07.11.2022